O desenho da corrida pelo Palácio do Planalto se manteve estável após o início do horário eleitoral de rádio e TV e sob o impacto do primeiro debate entre os presidenciáveis, aliado à repercussão das entrevistas concedidas pelos principais deles ao Jornal Nacional, na semana passada.
Mas há movimentações importantes em alguns setores, e a oscilação positiva de dois candidatos na parte inferior da tabela indica que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) terá dificuldades de matar a fatura no primeiro turno.
O petista tem 13 pontos de vantagem sobre Jair Bolsonaro (PL) na disputa do primeiro turno, aponta nova pesquisa do Datafolha, realizada de terça (30) a esta quinta (1º). Marca 45% das intenções de voto, ante 32% do presidente.
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Em relação ao levantamento anterior, de agosto, o ex-presidente oscilou negativamente dois pontos, exatamente a margem de erro da pesquisa. Já o atual titular do Planalto ficou onde está.
Por outro lado, Ciro Gomes (PDT) foi de 7% para 9% e Simone Tebet (MDB), de 2% para 5%. Ambos contam agora com mais exposição, e a senadora teve bom desempenho no debate realizado pela Folha de S.Paulo, UOL e TVs Bandeirantes e Cultura, no domingo, atestado em pesquisa qualitativa com indecisos pelo Datafolha.
Neste levantamento, contratado pela Folha de S.Paulo e pela TV Globo, o instituto ouviu 5.734 pessoas em 285 cidades. Ele foi registrado com o número BR-00433/2022 no Tribunal Superior Eleitoral. A margem de erro é de dois pontos percentuais, e o intervalo de confiança é de 95%
Com a evolução de Ciro e Tebet, cai a chance de Lula vencer no dia 2 de outubro, algo que tem sido foco de sua campanha. O petista agora tem 48% dos votos válidos, que excluem os brancos e nulos e são considerados pelo TSE na hora da apuração: vence sem necessidade de rodada adicional quem tiver 50% mais um voto. Em junho, o petista tinha 53%. Em maio, 54%.
A pesquisa traz más e boas notícias para Bolsonaro, já que é a primeira em que é possível mensurar o efeito do pagamento do Auxílio Brasil, cuja primeira parcela foi distribuída de 9 a 22 de agosto. O benefício temporário de R$ 600 é a principal arma do Planalto para reverter a vantagem de Lula entre os mais pobres.
Entre eles, que ganham até 2 salários mínimos e compõem nada menos que 50% da amostra populacional da pesquisa, Bolsonaro apenas oscilou dentro da margem, de 23% para 25%. Lula seguiu à frente, indo de 55% para 54%.
Pode concorrer para isso o fato de que todos os principais rivais prometem manter o benefício, e também a memória de que ele é uma versão repaginada de um programa criado por Lula, o Bolsa Família, que condensou iniciativas da gestão Fernando Henrique Cardoso e as ampliou. Seja como for, o Planalto já planeja ampliar o número de favorecidos antes do pleito.
O presidente viu estancada a recuperação que se mostrava forte na faixa acima, de quem ganha de 2 a 5 mínimos e que no Brasil já é chamada de classe média baixa.
Se em agosto ele havia subido sete pontos entre essas pessoas, que são 36% do eleitorado, agora ele oscilou negativamente de 41% para 40%. Lula fez o mesmo movimento, indo de 38% para 36%.
Já o crescimento do PIB maior que o esperado no segundo trimestre, celebrado pelos aliados de Bolsonaro, é algo com percepção difusa para a população: a inflação ainda alta e inadimplência das famílias fazem persistir o mal-estar econômico.