Incômoda e caótica, a obra de duplicação da Avenida Octávio Genta, na zona sul de Londrina, vem tirando o sossego e a paz de motoristas, comerciantes e prestadores de serviço que passam ou trabalham na região. O novo capítulo dessa ‘novela’ se dá por conta das interdições em trechos da PR-445 e da Avenida Waldemar Spranger: o que estava previsto para ser finalizado em 15 dias já perdura por 35.
No dia 21 de maio, a Secretaria Municipal de Obras e Pavimentação indicou que seria necessário fazer uma interdição em alguns pontos para que a pavimentação e a rede de galerias pluviais fossem implantadas.
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Interdições
Por conta disso, o acesso da marginal da PR-445 para a Avenida Waldemar Spranger, no sentido Cambé para Londrina, foi completamente bloqueado. Como alternativa, os motoristas precisam seguir até o cruzamento com a Avenida Harry Prochet, onde podem fazer a conversão à esquerda.
Na outra marginal da rodovia, no sentido de Londrina para Cambé, o movimento permitido será somente o de seguir em frente e o de fazer a conversão à esquerda por baixo do viaduto. Para quem precisa seguir em direção ao Centro Cívico, o acesso é pela Rua Manoel Alves dos Santos.
Na primeira quadra da Waldemar Spranger, onde muitos comércios e prestadores de serviço estão localizados, o trânsito está liberado somente para quem sai do centro em direção à PR-445. No sentido contrário, segue bloqueado. A reportagem esteve no local na manhã desta quinta-feira (26) e conversou com funcionários que estavam trabalhando na obra. Segundo ele, a expectativa é de que os trechos sejam liberados até o final da semana que vem, mas que o trabalho depende das condições climáticas.
De acordo com o Simepar (Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná), a cidade de Londrina deve enfrentar chuvas nesta quinta e sexta-feira (27). Quando as interdições foram anunciadas, em 21 de maio, a expectativa era de que a situação voltasse à normalidade em 15 dias. Passados 35 dias, se a previsão dos trabalhadores for cumprida, os bloqueios devem ser liberados somente após 43 dias.
Sujeira e caos
Proprietário de uma oficina na Avenida Waldemar Spranger, Vinicius Taguchi, 27, explica que muitos clientes não sabem como acessar a prestadora de serviços mecânicos por conta da obra, o que acaba afastando as pessoas. Ele mostra um vídeo que publicou nas redes sociais para mostrar como os clientes devem fazer para chegar: a partir da Avenida Garibaldi Deliberador, o motorista deve acessar a Avenida Waldemar Spranger na contramão, no trecho bloqueado e liberado apenas para o trânsito local, até chegar na oficina. “O pessoal fica com medo de entrar na contramão”, relata.
Além disso, ele destaca também o problema causado pela sujeira que vem da obra, assim como as ocasiões em que teve o fornecimento de energia e água suspenso. O trânsito de maquinários pesados durante todo o dia também causa tremores incessantes, o que ele alerta que pode trazer prejuízos estruturais para a oficina a longo prazo.
“Quando?”
Ele concorda que a obra vai trazer benefícios para quem vive e trabalha na região, mas que a questão a ser discutida no momento é o ‘quando’ isso vai acontecer. “Quando vai ficar pronto?”, questiona. O atraso, segundo ele, pode ser reflexo do número pequeno de trabalhadores na obra. No início, ele diz que contabilizou três pessoas. “Não dá para trabalhar em uma obra desse porte com duas ou três pessoas”, reclama. Nesta quinta, a reportagem identificou a presença de pelo menos oito trabalhadores no local.
Aditivos e atrasos
O prazo de conclusão previsto para a obra era de 300 dias corridos, com entrega prevista para o final de 2024, totalizando um investimento inicial de R$ 12,1 milhões, por meio de recursos do Finisa (Financiamento à Infraestrutura e ao Saneamento voltado ao Setor Público). Em dezembro, a empresa vencedora da licitação, Executar Comercial e Serviços Eireli, pediu um aditivo de prazo à Prefeitura.
Na época, a contratada alegou que houve um aumento substancial no volume de terraplanagem, além da necessidade de alterações no projeto e da dificuldade de remanejamento da rede elétrica. Com isso, o prazo de entrega passou para o dia 24 de março. Dois novos aditivos foram contemplados este ano, atrasando a obra por mais 120 dias e aumentando em R$124.306,79 o investimento. Com todas as alterações, a obra custará R$12,9 milhões.
Com todos os atrasos e aditivos, a previsão é de que a obra seja entregue até o dia 22 de julho. Questionados pela reportagem, os trabalhadores afirmam que, pelo andamento, a conclusão deve acontecer apenas em agosto.
Em nota, a Secretaria Municipal de Obras e Pavimentação confirmou que não foi possível concluir os serviços dentro do prazo de 15 dias e que, por isso, a interdição precisou ser mantida por um prazo maior. A pasta detalhou que a obra está cerca de 75,8% concluída e que a previsão de entrega continua para o fim de julho.
Prejuízos financeiros
Além de todo o incômodo, a obra também vem trazendo prejuízos financeiros para os comerciantes. O relato é de Michelly Rodrigues, 47, responsável pelo setor administrativo de um posto de combustíveis em frente à obra. Ela detalha que o número de clientes diminuiu significativamente por conta da obra, já que muitos preferem desviar do local para evitar o trânsito caótico. “O maior impacto para a gente é em relação ao movimento”, aponta.
Segundo Rodrigues, toda semana ela precisava fazer novos pedidos de salgadinhos e bebidas, que têm giro rápido, sendo que, agora, pede uma única vez no mês. “A gente ainda não sentou para colocar tudo na ponta do lápis, mas como eu que faço as compras já senti a diferença”, lamenta.
Perigo no trânsito
Outro problema que é flagrado com frequência pelos funcionários do posto é a falta de fiscalização no trânsito da região, já que muitos motoristas entram na contramão e ultrapassam os cones de sinalização aos finais de semana, por exemplo.
Em relação a acidentes, um caso grave que terminou com a morte de um motociclista aconteceu no dia 09 de junho após o motorista de um caminhão tentar fazer uma conversão proibida à esquerda.