Existem pessoas que mostram o quanto são diferenciadas muito cedo, logo que entram na universidade. Tive a satisfação de entrevistar uma pessoa assim há dois anos, quando a pandemia ainda prejudicava um contato pessoal mais próximo.
Retratei na coluna de 18 de abril o trabalho de dois alunos de agronomia da Universidade Estadual de Londrina (UEL) que haviam ganho o Hackaton da Expolondrina daquele ano com uma proposta de desenvolver kokedama. Para minha alegria, ambos são meus alunos agora na disciplina de Extensão Rural.
A aluna Eduarda de Farias me chamou para ser banca do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), no qual tratou de um campo ainda pouco explorado pelos profissionais da agronomia: marketing digital para o agronegócio.
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Além do tema ser interessante para a área e fazer parte do meu campo de pesquisa e de trabalho, fiquei feliz por contribuir na formação de uma profissional que já passou por muitas provações na vida em razão de questões pessoais. Ainda assim, não esmoreceu e reuniu forças para motivar-se. Por mais que a inovação desenvolvida lá atrás não tenha se tornado um grande negócio, tenho convicção de que foi um período de aprendizado e desenvolvimento pessoal que será de grande valia para a vida toda.
No estágio Eduarda vai buscar dar seguimento ao tema marketing digital para o agronegócio trabalhando diariamente no contato com o produtor rural. Para isso será preciso entender, por exemplo, quais as melhores ferramentas de comunicação com o produtor rural, assim como os canais mais apropriados, o tipo de conteúdo mais eficaz e ainda como produzir conteúdo que seja útil no esforço do marketing atrelado ao campo das vendas e, ao mesmo tempo, traga conteúdo útil e relevante. Disse a ela que este é um grande desafio e que as respostas extrapolam o senso comum, pois são situações delicadas que demandam ainda muita pesquisa, estudo e, principalmente, trabalho de campo, ouvindo e entendendo as necessidades do produtor rural nas suas variadas dimensões.
Uma das questões mais importantes que Eduarda tratou no seu estudo é qual a ferramenta de comunicação mais adequada para se comunicar com o produtor rural. Ela fez essa pergunta a diversas empresa do seguimento agrícola, tanto multinacionais como empresas de menor porte.
Os resultados indicam que ainda há um foco no perfil típico de produtor rural, que não contempla, por exemplo, as novas gerações de agricultores, que já estão ajudando nas decisões da propriedade e tem características próprias, muito diferentes dos seus pais, avós, tios e outros membros da família mais velhos que eventualmente tomem decisões.
Um dos aspectos positivos da ciência é justamente esse: aprendemos que nossas suposições nem sempre se sustentam e que precisamos conhecer e entender melhor a realidade para tomarmos as decisões certas. Desejo muito sucesso a Eduarda e que a inovação seja sempre um guia na tomada na decisões ;)
*Lucas V. de Araujo: PhD em Comunicação e Inovação (USP).
Jornalista Câmara de Mandaguari, Professor UEL, parecerista internacional e mentor de startups.
@professorlucasaraujo (Instagram) @professorlucas1 (Twitter)