1) O senhor é o atual coordenador do Laboratório de Pesquisa, Inovação e Técnica Cirúrgica Básica Prof. Dr. Francisco Pereira Silva da Universidade Estadual de Londrina (UEL), onde exerce a chefia do Departamento de Clínica Cirúrgica. Quais foram as principais ações realizadas voltadas à inovação e quais impactos geraram?
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O Departamento de Clínica Cirúrgica da UEL vem se dedicando, nos últimos anos, a estimular a inovação e a visão empreendedora entre os estudantes de Medicina, reconhecendo que essas competências são cada vez mais essenciais para a prática profissional, para o desenvolvimento da carreira médica e para a transformação do sistema de saúde. Dentre as principais ações, instituímos a disciplina de Finanças e Empreendedorismo médico no curso de medicina, que entre outros objetivos visa apoiar e conduzir o aluno que desenvolve um projeto empreendedor a torná-lo uma inovação real. Além disso, aproveitando o grande estímulo à Inovação que o Governo do Paraná vem praticando nos últimos anos, notadamente na pessoa do secretário de Inovação e Inteligência Artificial do Paraná, Alex Canziani, conseguimos em 2024 credenciar o INOVACIR como Ambiente Promotor de Inovação pelo SEPARTEC (Sistema Estadual de Ambientes Promotores de Inovação do Paraná). Isto nos garante acesso, entre outras vantagens, à editais de fomento, fundamentais para manutenção e crescimento do laboratório. Com isso, vários projetos do INOVACIR já foram concretizados ou estão bem encaminhados, com destaque para o projeto de Fragilidade Óssea, coordenado pelo professor Fernando Tadaaki Yabushita, que resultou na criação da Unidade de Ortogeriatria do HU/UEL e do Ambulatório de Fragilidade óssea do HC/HU-UEL, e que se tornou referência nacional em cuidados aos pacientes idosos com fraturas. O Ambulatório de Fragilidade Óssea foi certificado em nível prata no Mapa de Boas Práticas do Capture the Fracture, programa que estabelece padrões globais para serviços de cuidado e prevenção de fraturas por fragilidade, pela Fundação Internacional de Osteoporose (IOF).
2) Londrina e o Paraná são referência no Brasil e no exterior em termos de inovação em áreas como agronegócio, com startups de destaque em todo o país e com atuação internacional. Como está o desenvolvimento de novos negócios na área da saúde e o que é preciso fazer para fortalecer o setor?
Nos últimos anos, observa-se uma expansão consistente de healthtechs, um movimento apoiado pelo SEPARTEC e tracionado pelo ecossistema de inovação de Londrina (Estação 43), do qual faz parte o grupo SALUS (Saúde Londrina União Setorial), que atua fortemente na integração da cadeia de valor e na busca da excelência em pesquisa, desenvolvimento e inovação.
Apesar disso o setor ainda enfrenta desafios importantes, como a alta complexidade regulatória da área da saúde, as dificuldades de integração entre as empresas da área de saúde e a academia e uma limitada cultura empreendedora entre profissionais e estudantes da saúde.
Acredito que para fortalecer a vertical de saúde, é fundamental manter e ampliar as políticas de investimentos e fomentos na área, garantir a integração do ecossistema e promover formação empreendedora dentro dos cursos da saúde, estruturando redes permanentes que conectem médicos, engenheiros, cientistas da computação, investidores e as empresas.
*Continua na próxima semana
*Lucas V. de Araujo: PhD em Comunicação e Inovação (USP).
Jornalista Câmara de Mandaguari, Professor UEL, parecerista internacional e mentor de startups.
@professorlucasaraujo (Instagram) @professorlucas1 (Twitter)