Pesquisas mostram uma nítida relação entre a obesidade, aumento do cortisol (hormônio do estresse) e a depressão. A incidência da depressão é bastante elevada, porém muitas vezes se manifesta de forma não convencional, dificultando o diagnóstico, especialmente nas mulheres.
Pode aparecer na forma de compulsões alimentares ou obesidade e não através do comum, que é a perda do apetite e o emagrecimento. Ou através da insônia e da fibromialgia (com dores pelo corpo), ou da enxaqueca, entre outros exemplos.
Ainda não sabe o que veio primeiro. Se a depressão é que eleva o cortisol ou o cortisol está elevado na depressão. O hipotálamo, a hipófise (glândula mãe do organismo), ambos localizados ''no cérebro'', são os responsáveis pela produção do cortisol através da glândula supra-renal. Diante das situações do estresse do dia a dia, estas glândulas constituem o eixo hipotálamo-hipófise-supra-renal, responsável por uma resposta saudável ao estresse ou pela formação da ''cascata'' doentia do estresse-depressão-obesidade.
Apesar de o cortisol ser um hormônio benéfico, ele pode ser produzido além das necessidades convencionais nos levando ao adoecer. Desta forma, o cortisol em excesso rotineiramente seria capaz de produzir efeitos negativos semelhantes aos efeitos colaterais de medicações corticosteróides, aquelas utilizadas rotineiramente para as artrites e a asma, provocando o que chamamos de Síndrome de Cushing, em que predominam faces em ''lua cheia'' (gordinha e arredondada, associada à gordura abdominal).
Para o tratamento desta alteração hormonal, antidepressivos específicos (relacionados ao neurotransmissor serotonina) parecem aumentar positivamente a expressão (ação) do cortisol no cérebro, o que aí sim seria benéfico, pois reduziria a excitação deste eixo e também a produção do cortisol pela glândula supra-renal aliviando o risco cardíaco.
José O.Cervantes Loli - médico endocrinologista (Apucarana)