Normalmente são as manchas ou lesões que conhecemos como discromias, em outras palavras, as alterações de pigmentação. Isto ocorre porque as células que produzem o pigmento de nossa pele (a melanina) costumam trabalhar produzindo um pigmento maior e em quantidade superior na pele negra. Apesar de este pigmento proteger melhor a pele das agressões solares e ser um excelente protetor contra os tumores, qualquer disfunção em sua produção levará, com maior facilidade, à formação de manchas.
Apesar de o vitiligo ser uma doença do grupo das discromias, este não é um problema mais frequente na pele negra e costuma ter uma distribuição equilibrada entre as peles brancas, orientais, mulatas e negras. Porém, por conta da diferença mais expressiva entre a tonalidade de pele negra e as zonas com ausência total de pigmento acometidas pelo vitiligo, ele acaba sendo mais impactante neste tom de pele.
É difícil prever quando os sinais do vitiligo irão surgir, exceto se o paciente já tenha um histórico prévio do problema. No geral, as lesões surgem após eventos de estresse e traumas na própria pele, provocados, por exemplo, pelo atrito entre a pele e a roupa (áreas mais atritantes são a cintura da calça, as alças de sutiã, tiras de sandália e/ou sapato e etc.) ou em áreas de atritos como cotovelos, punhos, nós dos dedos, joelhos e zonas próximas aos orifícios naturais do corpo (ao redor de olhos, boca, genitais e anal).
O risco de não se tratar é a expansão das lesões e o crescimento do problema pela pele. Fora isto, as áreas acometidas pelo vitiligo são mais propensas ao câncer de pele, pois perdem a proteção contra as radiações solares promovidas pela melanina.
Ademir Júnior - médico dermatologista (São Paulo)