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As gordurinhas enxergadas de forma excessiva podem se transformar num enorme inconveniente. Podem assumir significados de impotência, vergonha e de um corpo inadequado para um determinado evento como um casamento. As pessoas sempre esperam que emagrecendo melhorem a auto-estima e passem a cuidar melhor da saúde, mas depois daquela festa tão esperada sucumbem repetitivamente ao prazer de comer, até surgir o mesmo desconforto e a velha sensação de temerem a exposição social caso não percam aqueles quilinhos. Estes sintomas, como medo ou ansiedade, mais lembram uma fobia social, especialmente nas pessoas com sobrepeso (ainda não obesas) e que valorizam demais o sofrimento no corpo físico (no peso).
A obsessão por emagrecer também pode se traduzir em outros ''sinais'', como não deixar nada fora do lugar ou nenhuma sujeira em casa. Muitas vezes, essas pessoas chegam a se lesionarem fisicamente de tanto trabalharem, repetindo gestos para limpar tudo o que incomoda, por exemplo.
O mesmo pode acontecer com quem se sente obeso sem estar, ou se sente muito obeso estando apenas no sobrepeso. Cria-se um esforço repetitivo e até lesivo no sentido do aperfeiçoamento do corpo, recorrendo a tratamentos desesperados e indevidos. A isto tudo pode se somar um comportamento alimentar compulsivo, uma forma de aliviar tensões e resultados frustrantes de tratamentos para emagrecer.
Cabe ao médico especialista compreender a dinâmica desta preocupação com o corpo, auxiliar na perda de peso saudável, de forma medicamentosa ou não, especialmente quando a obesidade ainda não está instaurada, abrindo assim uma janela para a saúde física e psíquica. Assim estará prevenindo inclusive os transtornos alimentares como bulimia e anorexia.
José Cervantes Loli - endocrinologista