Para manter o organismo funcionando, é necessário que o combustível que o alimenta seja de alta qualidade e em proporções adequadas. A nossa sobrevivência depende de oxigênio, temperatura e umidade do ambiente adequadas, água e nutrientes provenientes da alimentação. As gorduras são um grupo complexo de nutriente necessário para a manutenção do organismo desde que consumida nas quantidades adequadas.
Com a modernização, o consumo de gorduras aumentou e as doenças associadas a essa mudança se tornaram mais prevalentes. Porém, as gorduras não são todas iguais, nem são todas associadas ao risco de doenças.
Fazendo parte do grupo das gorduras que trazem problemas à saúde estão os ácidos graxos trans, que são encontrados principalmente nos alimentos industrializados. Eles são formados durante o processo de hidrogenação no qual óleos vegetais são convertidos em margarinas e gorduras vegetais.
Os ácidos graxos trans estão presentes nas margarinas, biscoitos, salgadinhos, entre outros, em função da utilização de óleos parcialmente hidrogenados na sua fabricação, que traz uma série de vantagens para a indústria alimentícia. Por ser sólida, ela é mais fácil de ser utilizada do que o óleo vegetal líquido. Além disso, valoriza o aspecto dos alimentos. Pães e massas folhadas, por exemplo, ganham uma aparência mais dourada.
Existem evidências demonstrando uma relação positiva entre a ingestão de ácidos graxos trans e a doença arterial coronariana (DAC), não apenas elevando as concentrações sanguíneas do mau colesterol, mas também reduzindo os níveis de bom colesterol.
Por não haver conhecimento dos benefícios nutricionais dos ácidos graxos trans e da existência de possíveis efeitos adversos para a saúde, são necessárias ações com o objetivo de diminuir seu consumo. A Organização Mundial da Saúde recomenda que a ingestão de gordura trans não ultrapasse 1% do valor calórico da dieta.
Como cada grama de gordura equivale a nove calorias, um adulto que consome 2 mil calorias diárias não deveria ultrapassar 2g de gordura trans (o equivalente a menos de 100g de biscoitos recheados).
Atualmente, não adianta procurar no rótulo dos alimentos a quantidade de gordura trans. Somente a partir de 1º de agosto de 2006 as empresas também serão obrigadas a especificar a quantidade de ácidos graxos trans presentes nos alimentos que fabricam. A determinação é da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Por enquanto, o que é possível fazer é verificar no item ''ingredientes'' do rótulo se há a indicação ''gordura hidrogenada'', ''parcialmente hidrogenada'', ''óleo vegetal hidrogenado'' ou ''parcialmente hidrogenado'', que são as gorduras trans, devendo então o consumidor reduzir a frequência e as quantidades consumidas destes produtos.
Beatriz L. V. Ulate, nutricionista