O consumo moderado não causa acúmulo, mas níveis maiores de ingestão de carnes e frutos do mar estão associados ao aumento do risco de gota. Estudos recentes têm revelado que para cada porção adicional diária de carne na dieta, teremos 21% de aumento do risco de gota; e para cada porção semanal adicional de frutos do mar, 7%.
O ácido úrico é uma substância presente no organismo e proveniente do próprio metabolismo, ou seja, produzimos o ácido úrico e essa produção é responsável por 90% de toda esta substância do corpo. O restante, cerca de 10%, provém da dieta.
Na maioria das vezes o que define os níveis de ácido úrico no sangue não é o que as pessoas comem, e sim a quantidade da substância que produzem ou eliminam. Nos casos de elevação discreta e assintomática do ácido úrico, o paciente pode fazer uma dieta sem restrições alimentares específicas, desde que mantenha o peso normal e o controle dos demais parâmetros metabólicos como a glicose, os triglicérides e o colesterol.
Não se justifica a restrição de grãos, frutas cítricas e tomate, como muitos acreditam. Estudos mostram uma forte relação inversa entre a ingestão de laticínios, principalmente os de baixo teor de gordura, com a incidência de gota. A ingestão de proteínas do leite - caseína e lactalbumina - tem sido mostrada como fator redutor do ácido úrico em pessoas saudáveis devido ao efeito das mesmas, facilitando a perda de ácido úrico na urina e reduzindo seus níveis no sangue.
Uma maior ingestão de proteínas vegetais não tem sido relacionada ao risco aumentado de gota. Alguns estudos sugerem que a proteína vegetal (feijão, soja, lentilha, grão-de-bico e ervilha) pode até ter um efeito protetor, embora menos efetivo do que aquele exercido pelos laticínios.
Silvia Regina Serra, nutricionista