Ar poluído, seco, frio excessivo... Basta a temperatura baixar que já é possível sentir os efeitos dessa mudança na pele. Ou melhor, nas vias aéreas, - principalmente no nariz e na respiração. Com as alterações climáticas bruscas a sinusite, os resfriados, e principalmente a rinite ficam mais propensas a atingir a população, e para evitar ser acometido por esses probleminhas comuns da época do outono-inverno existem algumas orientações que podem ser seguidas.
"Antes de tudo, o paciente precisa entender o que o atinge. Nesse caso, trataremos da rinite. Resumidamente, a rinite é uma inflamação das mucosas do nariz e uma reação alérgica respiratória que costuma aparecer após a exposição a algo ‘estranho’ para o organismo, como poeira, ácaros, poluição, algum cheiro estranho ou pêlos de animais. É uma doença que pode se desenvolver ao longo da vida ou ser genética, e é bom lembrar que ambientes frios e úmidos fazem com que ela apareça com maior frequência", explica o Dr. Alexandre Cercal, Otorrinolaringologista, de Curitiba.
A incidência dessa doença é grande, sendo que cerca de quatro em dez pessoas possuem rinite em diferentes graus. Os sintomas podem variar de acordo com a sua causa. As mais comuns são divididas em:
Rinite medicamentosa: "Muitas pessoas utilizam medicamentos no nariz sem orientação médica, ignorando os riscos que estão correndo, sem saber que alguns desses medicamentos podem causar ou piorar a rinite ao invés de curá-la". O medicamento tipo gota nasal não deve ser usado por mais de 5 dias por causar efeito rebote muito rapidamente. O efeito rebote é aquela sensação do efeito ter passado, quando o nariz fica ainda mais trancado do que antes e o paciente acaba usando a gota novamente. Inicia-se um ciclo vicioso, por sentir a necessidade de usar a gota cada vez mais frequentemente, piorando o quadro. As gotas nasais causam também pressão alta, ansiedade, derrame cerebral e infarto do miocárdio, por agirem nos vasos sanguíneos do organismo como um todo.
Outra forma comum de rinite é a irritativa, que acomete um grande número de pessoas, principalmente nas grandes cidades, locais poluídos e com agentes irritantes na atmosfera. Os sintomas podem aparecer também em pessoas que trabalhem sem usar máscaras em fábricas onde são manipulados materiais industriais ou em ambientes com muita poeira. Crianças que estudam em locais poluídos ou que estão em reforma, por exemplo, podem desenvolver esse tipo de rinite.
Já a rinite vasomotora, fenômeno de congestão vascular, ocorre em pacientes com sensibilidade da mucosa nasal nas mudanças bruscas de temperatura (do frio para o calor ou do calor para o frio). Convém lembrar que a maior parte dos pacientes que possuem rinite vasomotora apresentam também rinite alérgica e são considerados portadores de rinite mista (rinite vasomotora + rinite alérgica). Porém, apesar das três anteriores, a que acomete o maior número de pessoas ainda é a rinite alérgica, que acontece principalmente em cidades grandes, cujo ambiente é poluído, em locais onde a poeira doméstica é abundante, e também em lugares úmidos, que tenham mofo.
Independente da forma da rinite, seus sintomas são normalmente muito parecidos, o que leva as pessoas a pensar que rinite é apenas um resfriado ou uma dor de cabeça mais forte. "Os principais sintomas são a coceira no nariz, que entope e expele bastante secreção e vem acompanhada de espirros. As vezes, o paciente pode sentir também dor de cabeça e coceira nos olhos. Ele acredita que está sempre com resfriado – e muitas vezes nem pensa na hipótese da rinite", comenta Cercal.
O especialista lembra que a maioria das rinites tem cura, principalmente a medicamentosa e a irritativa, "mas todas elas possuem tratamento e, mesmo que não sejam totalmente curadas, podem ser amenizadas substancialmente para que a pessoa consiga ter uma qualidade de vida boa, sem que seja atrapalhado pela rinite", ressalta.