A febre é definida como a elevação da temperatura corporal acima da variação considerada normal - faixa de 36,5 a 37,5º C. Essa elevação é uma das manifestações clínicas de uma complexa reação orgânica a agressões geralmente externas, e podem ser classificados como infecciosos (vírus, fungos, bactérias e toxinas) e não infecciosos (complexos antígeno-anticorpo e antígenos resultantes da destruição celular, como a que ocorre na reabsorção e hematomas, necrose tumoral, cicatrização tissular, etc.).
Na maioria das vezes, a febre é autolimitada, de curta duração e benigna. A anamnese e o exame físico costumam ser suficientes para se estabelecer sua etiologia e tratamento. É importante lembrar que não existem evidências clínicas de que a magnitude da temperatura alcançada nos quadros febris tenha qualquer valor prognóstico (gravidade) ou o diagnóstico (etiologia viral ou bacteriana) nos quadros infecciosos. Assim, quando a criança apresenta febre, a família deve ser alertada sobre os sinais de risco para doenças graves, que indicam necessidade de reavaliação clínica precoce e/ou procedimentos mais invasivos.
Há evidências científicas de que a febre representa uma resposta orgânica que favorece os mecanismos de defesa dos organismos, acelerando uma variedade de respostas imunológicas.
A terapia antipirética é benéfica em pacientes de alto risco que têm doenças cardiopulmonares crônicas, distúrbios metabólicos, ou doenças neurológicas e naqueles que correm risco de convulsões febris e em algumas crianças que apresentam desconforto físico muito intenso, apesar da febre moderada ser bem tolerada pela maioria das crianças. Pelo visto, o paracetamol, a dipirona e o ibuprofeno devem ser administrados com cautela.
Renato Mikio Moriya - pediatra (Londrina)