A endometriose, caracterizada pela presença de tecido endometrial, que reveste o útero internamente, fora da cavidade uterina, é uma doença que afeta cerca de 15% da população feminina entre 15 e 45 anos no Brasil. Trata-se de um problema que tem influência sobre a saúde feminina, podendo até levar à infertilidade e dor crônica.
Essa doença atinge mulheres que menstruam e exige tratamento cuidadoso e atenção contínua, porque ela pode se expandir para órgãos vitais, como o intestino e bexiga, por exemplo, atrapalhando o funcionamento deles e ocasionando novos impactos prejudiciais.
Apesar de não ter cura definitiva, a endometriose possui tratamento. Nos casos mais severos, quando a endometriose já atingiu vários órgãos, o mais indicado é o procedimento cirúrgico.
A infertilidade causada pela endometriose na maioria das vezes é revertida com tratamentos específicos. Na pior hipótese, a mulher é submetida a um tratamento de fertilização in vitro e que apresenta altas taxas de sucesso.
É uma doença progressiva. A falta de tratamento vai causando processos de aderências dos órgãos e infiltração dos focos de endometriose nos órgãos vizinhos, podendo atingir o intestino, os ovários, a bexiga, só para citar alguns exemplos, dependendo da localização da doença.
Infelizmente não há como lidar com a endometriose sem cirurgia, caso ela já tenha atingido outros órgãos. Como é uma doença que não tem cura, é imprescindível também um controle rigoroso semestral para evitar o retorno da doença após a cirurgia.
Com a expansão da endometriose para outros órgãos, o tratamento indicado dependerá do órgão acometido. Se a endometriose se instalar no intestino, podem ocorrer dores intestinais fortes, sangramento anal na menstruação e até quadros de obstrução do intestino.
O intestino pode ser acometido pela doença na sua profundidade, causando quadros de dor para evacuar e às vezes até sangramento anal nas evacuações. Após a cirurgia, o intestino tende a funcionar de uma forma melhor e a dor desaparece. Além disso, a chance da doença voltar no intestino, quando tratada adequadamente, é extremamente rara.
Rosa Maria Neme - ginecologista (São Paulo)