Dormir algumas horas durante o dia para compensar o sono perdido à noite não é uma estratégia eficaz. Mesmo que a pessoa se sinta recuperada do cansaço, isso não significa que o sono foi reposto. A famosa sesta, por exemplo, não é repousante, porque não atinge o sono REM (movimento rápido dos olhos, na sigla em inglês).
É nesse estágio profundo do sono que acontecem várias mudanças fisiológicas. A frequência dos batimentos cardíacos e a respiração aceleram, a pressão arterial aumenta. É também a fase em que normalmente ocorrem os sonhos. A falta de sono REM dificulta todas as atividades intelectuais superiores: memória, pensamento, julgamento, aprendizado. E advém uma série de limitações, irritação, ansiedade, estresse. Em longo prazo, dormir mal pode causar danos ao coração e aos sistemas hematológico e imunológico.
Contudo, é possível e recomendável recuperar pequenas quantidades de sono perdido – como descansar seis horas em um dia e dez no outro. É o fato de dormir tarde e acordar tarde. A pessoa vai numa festa e no outro dia ela prolonga o sono. Isso é positivo.
No entanto, em geral, longos períodos de vigília não podem ser ajustados em um só fim de semana. Se a pessoa ficou 24 horas acordada, esse sono não tem recuperação. Não é possível dormir 16 horas em duas noites e recuperar aquele pedaço do sono perdido, aquela quantidade de energia gasta. A recuperação vai se dar ao longo das próximas noites.
André Cecchini, neurocirurgião (Ministério da Saúde)