Acredito que muitas pessoas, sem saber, apresentam problemas de diversas ordens devido a distúrbios na tireóide. Sintomas como a síndrome do sono, da loucura, problemas cardíacos, renais, entre outros, podem ser causados pelo mau funcionamento da tireóide. Estou certo na minha afirmação?
Você pode estar certo na maioria de suas colocações. A tireóide é uma glândula presente na região do pescoço, que produz substâncias os hormônios tireoideanos. Algumas doenças da tireóide podem alterar a produção de hormônios, levando a excesso ou falta dele na circulação e nos tecidos corporais, o que poderia afetar praticamente qualquer órgão ou sistema no organismo.
Os hormônios tireoideanos são reguladores do metabolismo. Em linhas bastante gerais, poderíamos fazer uma analogia com um automóvel, em que a tireóide seria o acelerador. Deste modo, a falta relativa do hormônio nos deixaria física e psicologicamente lentos, funcionando num ritmo abaixo do normal, enquanto o excesso nos deixaria agitados e acelerados.
Exemplos de queixas no hipotireoidismo (falta do hormônio) são inchaço, ganho de peso, pele seca e queda de cabelos, dores musculares ou articulares. Também são freqüentes sintomas como baixa energia, indisposição para as atividades rotineiras, humor deprimido, dificuldades com memória e atenção e raciocínio mais lento.
Ao contrário, o hipertireoidismo costuma levar a queixas como palpitações, tremores, perda de peso, apesar do aumento do apetite, fraqueza, muito suor e intolerância ao calor. Alterações de comportamento do tipo agitação, irritabilidade e insônia também sugerem o diagnóstico. Além disso, o hipertireoidismo, ao longo do tempo, quando não tratado, pode levar à osteoporose e arritmias cardíacas.
Portanto, a lista de possíveis ‘síndromes’ é bastante longa e muitos sintomas de hipo ou hipertireoidismo podem ocorrer num único paciente. Entretanto, é importante lembrar que doenças muito graves causadas pela tireóide não são regra. A maior parte dos pacientes apresenta-se com quadros de leves a moderados. Cabe ao médico levantar a suspeita clínica e tentar confirmar o diagnóstico através de exames, já que o tratamento, na maioria dos casos, é bastante satisfatório.
Guilherme F. Marquezine, endocrinologista