As crianças são seres bastante sociáveis na grande maioria das vezes. Elas necessitam e buscam contato social para crescerem e se desenvolverem. Entretanto, em alguns casos a criança não interage como seria esperado e pode parecer viver em seu mundinho próprio, com rotinas repetitivas, comportamentos peculiares, problemas de comunicação e ausência de noção social ou de interesse nos outros. Essas são as características de uma doença do neurodesenvolvimento chamada autismo, que afeta especificamente a forma como a pessoa se comunica e se relaciona com os outros e também a maneira como ela compreende o mundo ao seu redor.
O autismo surge precocemente, com seus sinais aparecendo quase sempre até o terceiro ano de vida, apesar de o diagnóstico muitas vezes ocorrer apenas em idade escolar, quando os deficits se tornam mais evidentes. Os três sintomas centrais são: problemas com interação social; prejuízo de comunicação verbal e não verbal; padrão de comportamentos repetitivos e interesses restritos.
Outros sintomas podem somar-se, como: alta sensibilidade a barulho ou toque, movimentos corporais repetitivos e muitas vezes esquisitos, necessidade em manter rigidamente a mesma rotina. Há, no entanto, uma grande variabilidade na expressão desses sintomas nos diferentes casos, podendo haver maior saliência de uns em relação a outros e graus de intensidade que vão desde quadros leves até quadros muito graves.
Não há cura para o problema, mas existe uma série de abordagens que ameniza significativamente os sintomas, aumenta a funcionalidade e melhora a qualidade de vida. Por isso, é essencial o acompanhamento médico e psicológico, bem como o apoio de escolas e professores capacitados que possibilite a superação das dificuldades.
Eduardo Prado - psiquiatra (Londrina)