Percebo, no Brasil, alguma movimentação no sentido de se preparar a área urbana para atender a idosos, com a instalação de equipamentos especialmente projetados para adultos em parques, praças ou centros de convivência. Alguns funcionam como verdadeiras academias, com professores de educação física que supervisionam os exercícios físicos e dão orientação. As iniciativas são relevantes, uma vez que a população está envelhecendo. Atualmente, o aumento da longevidade é uma realidade para a humanidade e o exercício físico se torna cada vez mais necessário, já que entre 50 e 70 anos ocorre uma perda de 10% da massa muscular, percentual que aumenta para 30% após os 70 anos.
Os equipamentos fabricados para pessoas idosas quase sempre facilitam o exercício físico e são projetados para a prática de exercícios leves. No geral, o idoso tem medo de fazer certos movimentos e cair ou se machucar. Os equipamentos costumam ter pontos de apoio e permitem realizar mais facilmente os exercícios, que estimulam movimentos que visam ampliar a mobilidade, fortalecer a musculatura e aumentar o equilíbrio e a coordenação motora. O equilíbrio é um elemento-chave para o idoso. Sem ele, a tendência é a pessoa atrofiar ainda mais a capacidade de movimento, que ocorre naturalmente ao envelhecer, provocando a diminuição da coordenação. Com a melhora do equilíbrio, é possível desenvolver outras aptidões, como agilidade, coragem e humor.
A lentidão de movimentos advinda do avançar da idade deteriora a independência da pessoa. Uma boa parte dos idosos sofre com problemas de falta de agilidade e restrição de mobilidade por causa do sedentarismo. Parados e dentro de suas casas ficam tristes e solitários, podendo desencadear a depressão. Sair, caminhar, tomar sol e encontrar pessoas pode significar uma mudança e tanto neste estado de espírito. A atividade física tem papel fundamental na produção de serotonina, o hormônio da felicidade, e no combate ao desenvolvimento de doenças consideradas senis. Fazer exercícios algumas vezes por semana pode ser a diferença entre ficar doente ou ter saúde.
Envelhecer não significa parar ou deixar de ter alegria. Um bom sinal de que os ''playgrounds da longevidade'' incentivam a atividade física foi um dado de um posto de saúde em Londrina, que parece ter reduzido o volume de consultas em 30% após a instalação de alguns aparelhos em terreno ao lado.
Fabio Ravaglia - Ortopedista (São Paulo)