Carnes diversas, farofa, rabanada e doces, muitos doces. As ceias de Réveillon costumam ser cheias de "tentações", principalmente, para quem está na luta para começar a adotar uma alimentação saudável. Alguns resolvem adiar o início de uma vida mais saudável para depois e outros preferem não se privar das delicias das ceias, mas segundo a nutricionista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Fernanda Maluhy, não é necessário passar vontade e ter preocupações exageradas no final de ano.
"É importante manter sempre um estilo de vida saudável. Na ceia pode provar de tudo um pouco, mas em quantidades moderadas. Isso não vai comprometer uma alimentação saudável e nem provocar mudanças no corpo de quem está tentando perder ou controlar peso", explica a especialista.
O cuidado está em não usar como desculpa as datas festivas para prolongar por semanas os exageros com a comida. Para aqueles que não querem perder o controle e quem tem dificuldades para seguir uma dieta saudável, existem algumas alternativas para aproveitar o delicioso cardápio dessa celebração de fim de ano.
"Não adianta fazer jejum para comer em quantidades maiores apenas nessas ocasiões. Respeitar o seu organismo é muito importante para mantê-lo saudável", afirma a especialista que diz que durante as confraternizações é importante alimentar-se normalmente, mantendo a rotina alimentar. Para quem quer manter uma dieta leve e rica em nutrientes, a ceia de Ano Novo deve ser composta de proteínas, como carnes, peixes e frango, legumes, verduras, saladas, oleaginosas e carboidratos com baixo índice glicêmico.
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Iniciar a ceia pelas entradas, como saladas fartas com castanhas, queijos e proteínas, ajudam na questão da saciedade. Já o consumo de carboidratos refinados, inclusive as sobremesas, deve ser realizado com moderação.
Priorizar preparações caseiras, feitas com ingredientes naturais e temperos frescos e não industrializados ajudam muito a manter uma ceia nutritiva e saudável. Também é possível trocar as bebidas alcoólicas e refrigerantes por águas aromatizadas e sucos naturais. Para a sobremesa, a dica é uma só: comer em quantidades pequenas para provar de tudo um pouco e se possível começar pelas frutas.
A nutricionista reforça a importância de evitar o consumo de álcool. No entanto, se exagerou na bebida e bateu aquela ressaca, é essencial ter uma boa hidratação antes e durante as comemorações, consumir frutas ricas em sais minerais, verduras verde escuras, como a couve e o espinafre, que irão auxiliar no funcionamento do intestino, acelerando, assim, a desintoxicação do organismo.
Celíacos e intolerantes à lactose
Há algum tempo, pouco se falava em intolerância ou alergia alimentar. Porém, atualmente, todo mundo conhece alguma pessoa celíaca (alérgicos ao glúten, proteína do trigo) ou intolerante à lactose. Embora alguns casos sejam de predisposição genética, o desenvolvimento de diversos tipos de intolerância também pode estar associado ao alto consumo de alimentos processados e industrializados, pobres em nutrientes, alimentos geneticamente modificados.
O glúten está presente em alimentos derivados de farinha de trigo, como bolos e pães, macarrão, alguns doces, massas, biscoitos e até mesmo em bebidas, como cerveja e whisky. Já a lactose é o açúcar presente no leite e em seus derivados, como manteiga, queijo, creme de leite, leite condensado e iogurte.
Para os celíacos, a nutricionista indica a substituição da farinha de trigo na preparação de tortas, bolos, farofas e empanados, por outras, como a de aveia, fubá, mandioca, castanha ou amêndoas. O pudim, por exemplo, pode ganhar uma versão de tapioca. "Importante sempre ler o rótulo dos ingredientes, pois pode acontecer a contaminação cruzada durante processo de produção. Muitas pessoas não sabem que alguns alimentos podem conter glúten, como os tabletes de caldo de carne ou legumes, e temperos industrializados, que podem ser substituídos por opções naturais e mais saudáveis", comenta.
Já para os intolerantes à lactose, atualmente, as gôndolas dos supermercados contam com versões de leites, manteigas, margarinas e queijos sem esse componente. Também existem os leites de coco, amêndoas e arroz que podem ser utilizadas no lugar do leite de vaca, comum em qualquer receita.
A especialista destaca que essas substituições são indicadas apenas para os celíacos e intolerantes à lactose. "Se não existe contraindicação médica, não tem porque retira-los da alimentação. Essas opções não são necessariamente mais saudáveis, apenas ajudam os intolerantes e alérgicos, que devem ter sempre acompanhamento de um especialista. Para os que não se encaixam nesse quadro, a palavra-chave é equilíbrio e moderação na alimentação", completa Maluhy.