Estudos científicos nos levam a crer que um ''comportamento de dieta'', adotado por adolescentes e crianças, cada vez mais preocupados com o peso e engajados em dietas para emagrecer, pode aumentar os riscos de transtornos alimentares entre eles, principalmente nas meninas.
Na sociedade ocidental, 9% a 22% das adolescentes lançam mão de comportamentos alimentares inadequados com o objetivo de perder peso. Esses comportamentos estão associados com desnutrição, retardo no crescimento e na maturação sexual e sintomas de transtornos mentais como depressão, ansiedade, fadiga crônica e maior risco de desenvolver transtornos alimentares.
É mesmo muito preocupante o grau de insatisfação corporal entre os adolescentes em todo o mundo. Mais de 25% dos meninos e 50% das meninas desejam perder peso, incluindo estatísticas de povos orientais.
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O mais impressionante de tudo isso é que 81% deles são considerados de baixo peso ou de peso normal e 20% deles recorrem a métodos inadequados para alcançar seus objetivos de peso ideal.
Por outro lado, é impossível não reconhecer os riscos da obesidade que avança sobre esses jovens. Dados estatísticos revelam que 80% dos adolescentes com sobrepeso serão adultos obesos e muito mais susceptíveis às complicações da obesidade como as doenças cardiovasculares e o diabetes.
Ainda as estatísticas indicam que 44% das meninas e 15% dos meninos relatam que tentam perder peso, 1% delas desenvolvem anorexia nervosa e 4% deles bulimia.
Assim, o transtorno alimentar pode sim ser desencadeado por um comportamento de dieta, mas não podemos ser tão simplistas e declarar as dietas como as causas dos transtornos alimentares. Outros fatores são importantes para este processo, como por exemplo, os traços de personalidade e a força dos modelos atuais de beleza.
De uma maneira geral, a maioria dos estudos que envolve orientação nutricional individualizada associada à prática de atividade física, em adolescentes com sobrepeso, demonstram que tais dietas não aumentam a incidência dos transtornos alimentares.
Esses resultados reforçam a importância de programas nutricionais bem definidos, no sentido de se deter o crescimento da obesidade entre crianças e adolescentes. Esses programas devem ter início dentro da própria família, pois além dos genes, os filhos herdam também os comportamentos dos pais
Beatriz Ulate - nutricionista (Londrina)