As patologias relacionadas ao consumo de alimentos mal conservados são chamadas Doenças Transmitidas por Alimentos (DTAs). Elas causam náuseas, enjôos, vômitos e diarreia. "Em pessoas mais sensíveis, como crianças, gestantes e idosos, as complicações podem ser mais graves, como desidratação, internação e até morte", aponta Flávia Morais coordenadora do departamento de nutrição da rede Mundo Verde.
Durante o verão, ficamos mais suscetíveis a esse tipo de infecção, sobretudo por causa do hábito de comer fora de casa, como na praia, por exemplo. Passear é uma delícia, mas é preciso atenção com as refeições para não passar mal depois. Veja as dicas de especialistas para manter os alimentos contaminados bem longe do seu prato.
Mantenha seus alimentos refrigerados
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Os alimentos que não são mantidos em temperatura adequada rapidamente tornam-se impróprios para a alimentação. É importante mantê-los em recipientes fechados e em bolsas térmicas ou embalagens de isopor. A temperatura pode ser mantida com gelo feito de água filtrada.
Vale lembrar que as bolsas térmicas não são como a geladeira. A nutricionista Simone Freire, doutoranda em comportamento do consumidor pela Unifesp, explica que para cada tipo de alimento há um tempo limite de armazenamento nessas malinhas. "As frutas são as melhores opções, porque hidratam no verão e são práticas e de mais fácil conservação nesses recipientes, enquanto queijos, presuntos e condimentos estragam com mais facilidade", explica.
Cuidado na hora de comprar produtos de geladeira
Quando for comprar um produto refrigerado, observe se ele está apropriadamente acondicionado na geladeira e se esta está com a temperatura correta. É possível saber se o freezer está desregulado ao observar a presença de poças de água sob o eletrodoméstico ou se os produtos estão "suados", isto é, com gotículas de água ao seu redor.
Opte por alimentos práticos e saudáveis na praia
"Alimentos que não necessitem de manipulação, como frutas frescas e secas e biscoito, são sempre as melhores opções", aponta a nutricionista Flávia Morais. Essas opções necessitam de pouca ou nenhuma refrigeração, o que evita que estraguem com mais facilidade. Além disso, alimentos embalados têm menor probabilidade de contaminação, o que é importante em um ambiente onde as medidas de higiene são limitadas.
O calor intenso e a exposição ao sol aumentam as chances de desidratação. Por isso, opte sempre por alimentos que ajudam a hidratar, como frutas ricas em água (abacaxi, melancia, uva, entre outras), picolés de fruta e, principalmente, água.
Barraquinhas de praia: de olho na higiene
Comprar um alimento preparado na praia exige diversos cuidados. Observe se o local valoriza a higiene: a limpeza dos trabalhadores, se seus cabelos estão presos e a higiene dos aventais e das panelas e recipientes. Fique atento também se o mesmo funcionário que manipula os alimentos lida com o dinheiro.
Veja se os mesmos utensílios usados para preparar alimentos crus são usados para manipular alimentos cozidos. Nesses casos, pode haver contaminação cruzada. Segundo a nutricionista Flávia, o cozimento acima de 70°C mata as bactérias e tornam o alimento próprio para consumo. Se usarmos a mesma faca para cortar um alimento cozido e um cru as bactérias presentes no cru voltam a contaminar o alimento que estava cozido e pronto para servir.
Evite maionese, patês e sanduíches naturais, que costumam ser muito oleosos. Alimentos preparados de maneira suspeita, em geral, devem ser evitados. "Quanto aos vendedores ambulantes, é bom optar por aqueles que oferecem alimentos acondicionados em bolsas térmicas e menos gordurosos", diz a nutricionista Simone.
Reconheça a contaminação
"A contaminação de alimentos pode ser física, ou seja, quando encontramos no alimento cabelo, pedras, etc.; biológica - quando é causada por fungos, bactérias e vermes; ou ainda química - por produtos de limpeza, inseticidas, etc.", explica a nutricionista Flávia. "Esse último é causado pelos odores, ou seja, quando deixamos um alimento pronto perto de um produto de limpeza, por exemplo, o cheiro do produto químico passa para o alimento o deixando impróprio para consumo." Por isso, é preciso observar também a organização do estabelecimento.
Lave as mãos
As condições de higiene em praias e parques nem sempre são ideais, mas procure pelo menos não deixar de lado o hábito mais básico: lavar as mãos. Com as mãos ensaboadas, esfregue a palma e dorso das mãos. Não se esqueça dos vãos entre os dedos, do antebraço e das unhas. Caso não haja um local para lavar as mãos de maneira adequada, use álcool gel. Ele é útil para eliminar bactérias, mas, quando há sujeira visível nas mãos, só água e sabão podem removê-la.
No restaurante self-service
A nutricionista Simone enfatiza que os alimentos de restaurantes do tipo self-service podem ser facilmente contaminados devido à manipulação por um número muito grande de pessoas. "Cada pessoa que se serve em um restaurante desses leva e traz diversas bactérias. Por esse motivo, é importante que esses alimentos sejam protegidos e mantidos na temperatura correta", conta a nutricionista.
Leve seus alimentos
"A opção de levar os alimentos de casa é sempre mais interessante, pois podemos fazer preparações mais saudáveis, como salada de frutas e sanduíche com pão integral e sem maionese", sugere Flávia. Para conservar esses alimentos, use potes bem fechados e guarde-os em caixas de isopor com gelo suficiente para manter a temperatura do alimento. As opções refrigeradas devem ser mantidas em temperatura inferior a 5°C. Frutas, folhas e legumes devem ser higienizados em solução clorada. Já ovos e carnes precisam estar bem cozidos.
Bebidas
Quando comprar uma garrafa de água, observe com cuidado se o lacre de segurança está intacto e veja a data de validade da água. A água de torneira, se contaminada, pode gerar episódios de diarreia e desarranjo intestinal.
Sucos e bebidas alcoólicas preparadas com frutas ou leite também necessitam de cuidados. As frutas devem estar acondicionadas em lugar refrigerado, assim como o leite.
A nutricionista Simone também lembra que é preciso bom senso para ingerir essas bebidas na praia. O exagero, nesses casos, pode levar à imprudência e ao risco de insolação e até mesmo de afogamento. (Fonte: Minha Vida, Saúde, Alimentação e Bem-estar)