Se o corpo humano pudesse ser preparado a partir de uma receita, como se faz com os bolos por exemplo, quatro 'ingredientes' básicos não poderiam faltar: água, proteína, gordura e minerais. Sem eles, o organismo simplesmente não funciona, ou seja, a massa do 'bolo' não ficaria boa.
Destes ingredientes, os minerais são os que têm papel diferenciado no funcionamento do organismo, já que não têm origem orgânica e, por isso, jamais se transformam em energia para o corpo.
O médico Fábio Cardoso, especialista em medicina preventiva e longevidade, explica que existem 28 dessas minerais com alguma função para a saúde humana, que se dividem em três categorias:
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Aqueles cujas necessidades diárias são muito bem estabelecidas;
Outros que têm uma dosagem apenas aproximada do ideal;
E alguns que estão sendo examinados porque certos estudos sugerem que também sejam essenciais, mas os dados disponíveis ainda são insuficientes para elevá-los a tal categoria.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) reconhece o papel de apenas 12 são essenciais e podem ser divididos em dois grupos, de acordo com a sua necessidade diária:
Macrominerais: são aqueles cuja necessidade diária é maior que 100 mg. Suas funções principais estão ligadas à estrutura e formação dos ossos, regulação dos fluidos corporais e secreções digestivas. Ex: cálcio, fósforo, magnésio, cloreto, sódio e potássio.
Microminerais ou elementos-traço: são aqueles que possuem necessidade inferior a 100 mg por dia, como é o caso do ferro, zinco, selênio, cobre, iodo e manganês. As funções destes minerais estão relacionadas à reações bioquímicas, ao sistema imunológico e ação antioxidante.
Ainda existem outros elementos como o silício, boro, vanádio, estanho, ouro, arsênico, níquel, lítio, germânio, etc, que podem participar de algumas funções metabólicas no organismo. Estes outros elementos não são considerados essenciais, mas devem ser suplementados.
Na natureza, eles são encontrados nos solos e nas águas dos rios, lagos e oceanos. Estão presentes principalmente nos vegetais, cereais e alimentos de origem animal. Sua concentração é maior nos alimentos integrais.
Em nosso corpo, eles estão presentes nos tecidos e líquidos e secreções corporais (sangue, suor, urina, fezes, saliva, entre outras), sempre em pequenas quantidades. Aproximadamente 4% do peso do nosso corpo são representados pelos minerais. Os minerais podem estar presentes no corpo combinados como compostos orgânicos (proteínas, vitaminas, lipídios), na forma de compostos inorgânicos (outros minerais) e na forma livre. Todas as formas têm funções específicas em nosso corpo, completa Fábio.
Funções gerais dos minerais no organismo
Estrutural (fazem parte da "massa" que gera todos as células do corpo, desde tecido muscular até ósseo e dentário;
Regulação do balanço hídrico, ácido-base e pressão osmótica;
Excitabilidade do nervo, contração muscular, transporte (toda a comunicação dentro e fora da célula é dependente de minerais);
Preservação do sistema imune e de sistemas antioxidantes.
Confira a seguir qual a função de cada mineral no organismo e quais são os efeitos causados pela falta deles:
Deficiência mineral no Brasil
A alimentação dos brasileiros ainda é carente de minerais e vitaminas. Em um trabalho científico realizado pela Universidade de Viçosa/MG, em conjunto com a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO); A Organização Mundial de Saúde (OMS); a Fundação Getúlio Vargas (FGV); e dados coletados pelo IBGE, foi demonstrada a gravíssima deficiência mineral encontrada na dieta alimentar brasileira.
Constatou-se que essa carência atinge até a parcela da população com alto poder aquisitivo, configurando, portanto, que o déficit nutricional independe da realidade sócio-econômica e que a dieta do povo brasileiro, como um todo, é insatisfatória, incapaz de repor os nutrientes minerais essenciais aos níveis mínimos necessários para a manutenção de uma vida saudável e produtiva.
E não é apenas o baixo consumo que acarreta a deficiência desses nutrientes. O prosseguimento dos estudos revelou a origem do problema: contrariando a crença popular, o solo brasileiro, assim como a totalidade dos solos tropicais é pobre de nutrientes essenciais, tais como selênio, zinco, cálcio, ferro e magnésio, indispensáveis à boa formação física e mental.
A carência mineral do solo afeta diretamente toda a cadeia alimentar, inclusive os produtos de origem animal e derivados, que chegam até nós também carentes. Mesmo quem se alimenta bem, não consegue suprir sequer 30% do mínimo necessário.
A fragilidade do solo brasileiro afeta a nossa dieta. No caso de alguns minerais vitais, como o selênio, por exemplo, quem melhor se alimenta no Brasil, consome no máximo 24,7 mcg/dia, quando o mínimo necessário é de 70 mcg/dia.
Principais deficiências
Entre os brasileiros, quatro minerais costumam apresentar maior índice de deficiência, segundo o especialista. São eles:
Selênio - Causa degeneração pancreática, mialgias, músculos flácidos, fragilidade das células vermelhas, miopatias cardíacas, inclusive fatais.
Zinco - Mal funcionamento de enzimas vitais, atrasos de crescimento, depressão da função imunológica, dermatites, alteração da capacidade reprodutiva, anomalias esqueléticas, diarréias e alopécia.
Ferro – Anemia e suas conseqüências, como diminuição da atividade intelectual, do desenvolvimento psicomotor, menor resistência a infecções.
Magnésio - Suspeita-se que a longo prazo seja fator etiológico de doenças crônicas cardiovasculares, renais e neuromusculares.