Diariamente ouvimos que emagrecer é fácil. São tantas as dietas, os novos tratamentos, as possibilidades... O difícil, mesmo, é manter o peso. Mas como evitar um final tão desastroso e frustrante depois de tantos meses de dietas e sacrifícios?
Geralmente, começamos as dietas animados e decididos! Chegamos ao peso ideal e juramos que, desta vez, vamos manter a silhueta tão duramente conquistada. Mas, contrariando sonhos e objetivos, voltamos a engordar, lentamente, terminando com um triste final, o que de início já foi mal elaborado.
Por que voltamos a engordar, se durante nosso período de perda de peso, nos sentíamos completamente convencidos de que havíamos encontrado o caminho certo? Se conseguirmos responder esta pergunta podemos passar ao próximo passo, que será evitar o retrocesso tão danoso para a autoestima.
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Siga uma dieta que permita você ser feliz
Não tenho dúvida alguma de que voltamos a engordar por vários motivos, mas o primeiro deles, e talvez o mais importante é que não suportamos manter uma dieta restrita e, muitas vezes, monótona, que nos impõe como alimentos proibidos a maioria dos nossos preferidos.
Todos os dias, surge uma dieta nova, um modismo, uma "onda" que envolve as pessoas em mais uma triste desilusão: a de voltar a engordar e a impressão "de que não tem jeito mesmo", "que não conseguiremos nunca" e que a vida será sempre assim: o vai-e-vem de nossas proporções corporais e o vai-e-vem de nossas emoções: euforia, e, posterior, frustração.
As dietas de moda emagrecem. Todas elas têm um valor calórico muito baixo em relação às nossas reais necessidades calóricas. É esta defasagem que nos faz emagrecer. Apesar disso, essas dietas não têm nenhum compromisso com as necessidades nutricionais do paciente, são monótonas, não respeitam nossas preferências e são, na maioria das vezes, de sabor tão ruim que não vemos a hora de terminar o "regime" para voltar a comer o que gostamos. Isso por si só, inviabiliza a manutenção do peso e não nos permite continuar nos alimentando corretamente, após o término do tratamento para emagrecer.
Dietas devem ser individualizadas
Não devemos fazer uma dieta cuja meta são pontos e não o valor nutricional do que se come, nem comer uma "gororoba" nutricional, destituída de sabor, nem permitir que nos restrinjam nutrientes fundamentais como fazem com os carboidratos, com a alegação que eles engordam, pois isso é falso. Junte-se a este, outros exemplos: não comer gordura saturada, não comer maçã porque nosso grupo sangüíneo é A ou B, tomar compostos de vitaminas, sob a alegação de que nosso fio de cabelo revela nossas carências alimentares.... Tudo muito empírico, fantasioso, imediatista e sem nenhum compromisso com a saúde das pessoas.
Devemos, sim, adotar dietas balanceadas, com proporções de nutrientes muito bem estudadas e padronizadas. Elas não têm dono, pois seus autores são muitos estudiosos que foram sedimentando conhecimentos e baseando-se em evidências científicas para chegarem até elas. Elas são do domínio da ciência e do conhecimento de todo o mundo acadêmico. Mesmo assim, essas dietas são constantemente reavaliadas e questionadas, o que favorece mais e mais estudos.
Precisamos de uma dieta com a nossa cara, que priorize nossas preferências nutricionais, que não nos obrigue a comer o que não gostamos ou pelo menos nos dê opções.
Drogas para emagrecer... Só com acompanhamento médico!
Outro grande vilão da manutenção de peso é o uso dos medicamentos anorexígenos, remédios que eliminam nossa fome, através de uma ação cerebral. Eles não permitem que sigamos um plano realista de dieta, pois não conseguimos fazer dieta quando estamos sob seus efeitos. Simplesmente paramos de comer ou comemos apenas pequenas porções de guloseimas. Nestas dietas, conseguimos comer mesmo sem fome, porque não é por fome que comemos um chocolate é pelo seu delicioso sabor.
A primeira condição para conseguir fazer uma dieta balanceada e coerente é preservar a fome. Mesmo assim, há quem defenda a idéia de que deveríamos tomar esses medicamentos de forma contínua para tratar a obesidade. Acontece que esses medicamentos causam muitos efeitos colaterais. Quando consumidos, a longo prazo, e quando há grande tolerância aos mesmos, logo, os pacientes começam a reclamar que estão com fome mesmo sob o efeito da medicação.
É praticamente impossível comer corretamente sem fome e uma das características comuns aos obesos não é a fome excessiva, é a falta de saciedade. Logo, se optarmos por tomar algum tipo de remédio para auxiliar o emagrecimento, devemos dar preferência àqueles que aumentem a saciedade e não aos que "acabem" com a fome.
Estabeleça metas possíveis
Outra causa de recidiva da obesidade são as metas absurdas que muitas vezes nós almejamos. Pesos ideais, muito aquém daqueles possíveis de serem mantidos e que não respeitam nossas proporções corporais, por isto não são possíveis de serem mantidos.
Emagrecer é possível e prazeroso, no remete ao eu narciso, apaixonado por si mesmo e muito, muito feliz. Não é um papel de dieta, não é um roteiro a ser seguido como mais uma obrigação angustiante dentre as várias que realizamos. É um jeito de viver bem, é um estilo de vida. É um processo de aprendizado e amadurecimento.
Problemas sempre vão surgir no caminho de quem está buscando emagrecer. As dietas sempre se constituirão em desafios a serem vencidos. Acreditamos que para vencer as guerras, precisamos de aliados. Médicos e psicanalistas não são entidades místicas e salvadoras e, sim, profissionais com conhecimento suficiente para ajudar o paciente a vencer estas batalhas. Ressaltando que cada um deve empenhar esforço pessoal nesta guerra, ou seja, devemos dar 'uma mãozinha' para a realização dos nossos desejos.
*Por Ellen Simone de Paiva, diretora do Citen - Centro Integrado de Terapia Nutricional.