Uma das características de muitos estudantes na faculdade é ficar acordado até tarde estudando para uma prova na manhã seguinte, e muitos deles conseguem virar a noite com a ajuda da bebida, que é rica em cafeína, uma substância estimulante. Porém, de acordo com um novo estudo da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, o consumo desse tipo de bebida está relacionado ao aumento dos riscos de beber além da conta sendo um gatilho para desenvolver o alcoolismo. Os resultados da pesquisa serão divulgados na publicação científica Alcoholism: Clinical & Experimental Research.
Outro motivo da popularidade da combinação álcool mais energéticos é a crença de que ao ingerir cafeína com uma bebida alcoólica, o efeito estimulante da substância neutralizaria o efeito depressor do álcool. O que não é verdade: a cafeína simplesmente reduz a sensação de sonolência causada pelo álcool, mas não a "lerdeza" causada pela embriaguez.
O estudo avaliou de mais de mil estudantes universitários, que foram indagados sobre o consumo de energéticos e o comportamento sob efeito do álcool nos últimos 12 meses. Cerca de 10, 2% deles afirmaram consumir energéticos pelo menos uma vez por semana. Os pesquisadores concluíram que indivíduos que consumiam bebidas energéticas com uma maior frequência (52 vezes ou mais em um ano) eram mais propensos a ficar bêbados cada vez mais jovens, a beberem maiores quantidades de álcool e desenvolviam mais facilmente a dependência alcoólica do que aqueles que não consumiam essas bebidas ou eram usuários com menos frequência.
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De acordo com os pesquisadores, os resultados estão relacionados às altas doses de cafeína, um dos principais componentes dos energéticos. Uma das preocupações dos envolvidos na pesquisa é que não existem regulamentos sobre a quantidade de cafeína que deveria ser permitida nessas bebidas.
A cafeína é um poderoso estimulante que faz o corpo reagir assim: o sistema nervoso é acionado, glândulas liberam adrenalina, o coração bate mais rápido e o sangue ganha mais glicose. Por isso, a cafeína é conhecida como uma grande aliada para aumentar a disposição, melhorar a concentração e aplacar o sono. Mas quando é consumida em exagero, ela acelera o ritmo cardíaco, faz a pressão subir e os rins trabalharem mais, aumentando a vontade de urinar.
Além da cafeína, os energéticos contêm outras substâncias estimulantes, como a taurina e a glucoronolactona, que potencializam a resposta do cérebro aos estímulos, deixando o corpo mais esperto e disposto durante algumas horas após o consumo. Sua fórmula faz com que a pessoa se sinta revigorada durante algumas horas o que causa uma disposição aparente. Mas a ação dos energéticos também tem efeito rebote para o organismo. "É um meio falso de restabelecer o pique. Passado o efeito, você fica ainda mais cansado e sente os efeitos do estresse muscular", explica o fisiologista Paulo Zogaib.
Em excesso, as substâncias estimulantes presentes na fórmula do energético causam ansiedade, agitação e dor de cabeça. Além disso, a bebida não hidrata. Muito pelo contrário, tem ação diurética, que faz o organismo eliminar líquido.
Mix de energéticos com álcool causa três vezes mais embriaguez
Outro estudo da Universidade da Flórida (EUA), publicado no periódico Addictive Behaviors, comprovou que a combinação entre energéticos e bebidas alcoólicas pode causar três vezes mais embriaguez, em comparação com o consumo exclusivo de álcool.
Outros estudos já haviam descoberto que 73% dos universitários americanos e 85% dos estudantes de medicina italianos consumiam essa perigosa mistura. Nesta pesquisa, foram entrevistados mais de 800 frequentadores de bares com idade universitária, que responderam sobre seus hábitos de ingestão de bebidas.
Além de concluir que a taxa de embriaguez aumenta em até três vezes, as análises também sugerem que os consumidores da mistura álcool e bebidas energéticas tendem a permanecer mais tempo nos bares, pois com mais "gás" –dado pela cafeína e os outros estimulantes do energético, ficam empenhados em beber por um período de tempo maior. Em segundo plano, também foi verificado que os jovens que relataram consumir bebidas energéticas misturadas com álcool têm 4,26 vezes mais chances de conduzir um veículo automóvel após sair do bar.