O questionamento sobre o uso ou não de suplementos de vitaminas e minerais é cada vez mais frequente. Diversas reportagens já abordaram o tema, trazendo para debate a avaliação da real necessidade da ingestão de suplementos vitamínicos. A ingestão inadequada de vitaminas e minerais, em decorrência da adoção de práticas alimentares pouco saudáveis, determina a carência destes elementos, e indica, assim, a possibilidade de uso de suplementos.
A correria típica do dia-a-dia e a falta de tempo são fatores que favorecem a adoção de uma dieta inadequada. A alimentação apresenta, assim, um déficit de nutrientes. A essa situação é atribuído o nome de ''fome oculta'', um quadro que, em longo prazo, pode acarretar em aumento do risco de desenvolvimento de doenças sérias e prejuízo da qualidade de vida.
A crença de que é necessário muito dinheiro para ter uma alimentação correta não é justificada, considerando que alimentos comuns como o arroz e feijão têm sido associados à prevenção de doenças crônicas. A banana e a laranja, grandes fontes de potássio e vitamina C, também não envolvem um elevado custo.
Por outro lado, estudos têm demonstrado que mesmo uma alimentação saudável pode não atingir os valores sugeridos de ingestão para alguns nutrientes, como cálcio e ferro. Para adolescentes, recomenda-se a ingestão de 1.300 mg de cálcio por dia, ou cerca de 4,5 copos de leite ou 10 fatias de queijo prato. Ou seja, dificilmente essa população consegue alcançar a recomendação diária.
Quando isso não é possível, podemos, sim, tomar suplementos, desde que sejam respeitados os limites de tolerância de cada nutriente e que se mantenha a tentativa de adoção de práticas alimentares saudáveis.
Porém, é necessário ter em mente a existência de limites toleráveis ao organismo para cada vitamina e mineral. O Comitê de Alimentação e Nutrição, da Academia Nacional de Ciências de Washington, nos EUA, propõe os valores de UL, sigla correspondente a Tolerable Upper Intake Level, que se referem aos maiores níveis de ingestão habitual de nutrientes que não oferecem riscos à saúde.
Dessa forma, é preciso estar atento à dosagem dos nutrientes apresentada nos suplementos, para que não ultrapasse os limites de UL. Medicamentos que utilizam doses acima das máximas recomendadas pela legislação brasileira são tarjados, diferentemente dos suplementos. O uso de suplementos equilibrados, em doses corretas, seguramente é benéfico.
Mauro Fisberg (pediatra e nutrólogo) e Natacha Toral (nutricionista)