O hábito de fumar é altamente nocivo para a saúde bucal. Isso porque a nicotina, substância tóxica presente no cigarro, causa a vasoconstrição, provocando a diminuição no calibre das veias, e, com isso, a diminuição do fluxo sanguíneo nas gengivas, ligamentos e ossos ao redor dos dentes.
Além das manchas e do amarelamento nos dentes causados pela nicotina e pelo alcatrão, o fumo ainda causa alterações no sistema imunológico do paciente, tornando a cicatrização mais lenta e a cavidade bucal suscetível a contaminações. Com isso, quando o fumante tem o acúmulo de placa bacteriana, popularmente conhecida como tártaro, a inflamação acaba sendo bem maior porque a região fica propensa ao surgimento da periodontite - doença inflamatória e infecciosa que pode levar à perda dos dentes.
"Quem fuma tem oito vezes mais chance de desenvolver o problema”, afirma Bruna Ghiraldini, doutora em Implantodontia e coordenadora de P&D da S.I.N Implant System. "Além disso, nos fumantes, a doença costuma ter uma evolução bem mais rápida, caso não seja tratada", aponta.
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Ocasionada pelo acúmulo de tártaro, a periodontite não apresenta sintomas. É um problema crônico e de progressão lenta. "Às vezes, a pessoa nota algum sangramento, mas no fumante este sinal não é tão evidente devido à vasoconstrição”, conta Bruna.
"É comum o paciente só procurar o dentista quando percebe o dente mole”, diz ela. "Mas, quando isso acontece, a doença já está em estágio avançado, com grande risco de ocorrer a perda dos dentes”, alerta.
Por isso, vale lembrar que, para se prevenir da periodontite, em primeiro lugar, é fundamental visitar o dentista com regularidade. Normalmente, será indicada uma limpeza para controle da placa bacteriana. "O ideal é a cada seis meses”, recomenda a dentista.
Durante as consultas ao dentista, o profissional também irá orientar e motivar o paciente, deixando-o ciente de sua responsabilidade em cooperar com o tratamento. "Colocamos em prática um conjunto de ações conhecido como ‘terapia periodontal de suporte’, que tem impacto bastante positivo na manutenção da saúde bucal”, explica Ghiraldini.
E o número de cigarros diário também influi na predisposição a problemas de saúde bucal. Segundo a especialista, indivíduos que fumam mais do que dez cigarros ao dia têm grande risco de desenvolver a periodontite. Por isso, quando o paciente não consegue parar de fumar, a orientação é reduzir o consumo, o que já traz benefícios.
Vale lembrar que quem também que já abandonou o vício e agora é ex-fumante também precisa redobrar os cuidados. É que a doença pode estar presente, ainda que a progressão fique mais lenta, após o cigarro ser descontinuado.
O tratamento da periodontite começa com a remoção da placa bacteriana. Há casos, porém, em que é necessário recorrer à procedimentos cirúrgicos para a reconstrução do tecido ósseo e gengiva. E quando ocorre a perda de dentes, a solução é recorrer aos implantes dentários.
Causas - De acordo com a dentista, as principais causas da perda dos dentes em tabagistas são:
• Vasoconstrição periférica, causada pela nicotina;
• Alteração do sistema imunológico do indivíduo;
• Contaminações na cavidade bucal;
• Acúmulo de placa bacteriana nos dentes (tártaro).
Como evitar - Bruna aponta que, mesmo com a existência do problema, existem formas de evitá-lo:
• Fazer uma boa higiene bucal, com escovação e uso de fio dental, minimiza o risco da perda dos dentes;
• Visitar o dentista regularmente, a cada seis meses;
• Reduzir o consumo de cigarros. Estima-se que fumar mais de dez cigarros por dia eleva o risco de haver perda dos dentes.