O orgasmo, considerado o clímax de uma relação sexual, envolve uma série de respostas fisiológicas e emocionais do corpo. Além deste ponto alto, tudo que engloba o sexo é benefício para o organismo, por causa da liberação de hormônios, como ocitocina e a dopamina, proporcionando bem-estar.
Ludmila Bercaire, ginecologista especializada em reprodução humana pela Unesp (Universidade Estadual Paulista), explica que "a própria saúde sexual é um dos pilares do bem-estar físico e emocional. Conhecer o próprio corpo, entender o processo da sexualidade, saber como chegar ao orgasmo, tudo isso faz parte da saúde sexual".
Durante a excitação sexual, há um aumento do ritmo cardíaco, da pressão arterial e da respiração, além de um maior fluxo sanguíneo para os órgãos genitais. "Isso culmina na fase de platô, seguida por contrações musculares rítmicas dos músculos pélvicos e áreas adjacentes", explica a médica.
Leia mais:
Projeto de Londrina que oferece música como terapia para Alzheimer é selecionado em edital nacional
Unindo religião e ciência, casa católica passa a abrigar consultório psicológico gratuito na zona sul
'Secar' o corpo até o verão é possível, mas exige disciplina e acompanhamento
Ministério da Saúde inclui transtornos ligados ao trabalho na lista de notificação compulsória
O orgasmo ajuda a diminuir o estresse do dia a dia. "Com a liberação de dopamina, serotonina e adrenalina, atua como um inibidor de estresse, como um fator de relaxamento, que contribui para a saúde mental, até melhorando o sono, por exemplo."
Bercaire afirma que "quando o organismo está em homeostase -o equilíbrio das funções metabólicas do corpo- isso tende a fortalecer o sistema imunológico. Portanto, a relação é mais indireta, pois não é a atividade sexual ou o orgasmo que diretamente influenciam o sistema imunológico, mas sim o equilíbrio geral do organismo".
A atividade sexual contribui para a saúde cardiovascular e pode ser considerada uma forma de exercício físico, promove essa harmonia do corpo e, consequentemente, melhora a imunidade.
A sexóloga e CEO da marca de sexual wellness Dona Coelha, Natali Gutierrez, explica que ter orgasmos com certa frequência contribui significativamente para nossa saúde mental. Contudo, ela afirma que não devemos delegar toda a nossa estabilidade emocional ao orgasmo.
"Precisamos fazer outras coisas: terapia, atividade física, comer bem, beber água e estar bem com nós mesmas. Contudo, o orgasmo é um complemento excelente para nosso bem-estar. Estar nesse lugar de autoconhecimento, de gostar de estar comigo, de me relacionar bem com meu corpo e comigo mesma, é fundamental", completa.
O orgasmo está também ligado à autoestima, o que promove um equilíbrio também no corpo feminino. "Não há nada mais libertador do que conhecer nosso próprio corpo e ter uma relação bem resolvida com nossa sexualidade", diz a sexóloga Natali Gutierrez.
AUTOCONHECIMENTO É A CHAVE PARA PLENITUDE SEXUAL
Ainda que o orgasmo feminino esteja ligado a tabus, a sexóloga cita a importância de se conhecer. "Falar sobre sexo é um grande tabu, e o orgasmo feminino é ainda mais", afirma.
"Uma mulher que compreende o que é um orgasmo, sabe como estimular o clitóris e entende seu próprio momento de conexão enfrenta muitos tabus. Ser mulher, por si só, parece ser um grande tabu, já que desde o nascimento nós carregamos uma carga de tabus que envolvem a sexualidade", completa.
Não há uma prescrição formal de frequência para a atividade sexual ou masturbação, nem estudos que determinem a quantidade ideal por dia. Mas a ginecologista Ludmila Bercaire frisa que "o essencial é manter uma boa conexão com a própria sexualidade, seja por meio da masturbação ou da troca sexual".
A médica cita que esse vínculo sexual pode ser essencial para o controle da ansiedade, do estresse e para o bem-estar geral. Bercaire explica que, cientificamente falando, que depressão e ansiedade tendem a diminuir quando há uma saúde sexual satisfatória.
Por outro lado, Bercaire cita que pessoas com ansiedade frequentemente enfrentam queda de libido ou disfunção sexual, o que também precisa ser tratado, de uma forma que considere o aspecto emocional, a autoestima, relacionamentos e os hormônios.
"A libido é multifatorial e complexa, especialmente nas mulheres. A sexualidade e o bem-estar emocional se reforçam mutuamente", completa. Para esse tipo de terapia os médicos precisam usar de estratégias multifatores para promover a saúde sexual e a estabilidade emocional.
A médica cita também que esse ciclo pode ser virtuoso ou vicioso, como disse a sexóloga Natali Gutierrez acima, não dá para usar do orgasmo como uma forma de fugir de todas as frustrações, assim como acontece com os vícios.