A possibilidade de exercer uma maior velocidade aumenta exponencialmente a gravidade dos acidentes para as vítimas, segundo o médico legista do IML (Instituto Médico-Legal) de Londrina Paulo Vilaça. No município, as dez vias que concentraram mais mortes em colisões ou outros tipos de sinistros são justamente locais em que é possível pisar mais fundo no acelerador.
O trecho que mais registrou mortes no trânsito em 2024 em Londrina é o segmento urbano da PR-445 – que passa a se chamar Rodovia Celso Garcia Cid. Ao longo do ano, seis pessoas morreram em sinistros na via. Em seguida, vem a Avenida Tiradentes, com três acidentes fatais, seguida da Avenida Leste Oeste, Avenida Lúcio de Held, a Dez de Dezembro, a PR-323, as ruas Serra da Graciosa, Luigi Amorese e Duque de Caxias e o trecho urbano da BR-369 (Avenida Brasília), cada uma com dois acidentes fatais.
“O que elas têm em comum? São vias de alto fluxo de veículos e alta velocidade”, elucida Vilaça.
De acordo com ele, o Pnatrans (Plano Nacional de Redução de Mortes e Lesões no Trânsito), que pretende reduzir pela metade a ocorrência de óbitos nas vias brasileiras, indica que a redução das velocidades é uma das soluções.
De acordo com o médico legista, em um atropelamento por um veículo a 60 km/h, por exemplo, a chance de sobrevivência da vítima é de 2%. Se a velocidade de impacto for a metade (30 km/h), as chances de sobrevivência saltam para 90%. “Isso significa que a redução da velocidade das ruas é importante, um fator estatisticamente comprovado de que salva vidas”, explica Vilaça.
O chefe do Instituto de Criminalística de Londrina, Luciano Bucharles, diz que, embora a instalação de radares sejam associados com a ideia de arrecadação com uma “indústria da multa”, os equipamentos ajudam no controle e fiscalização dos limites de velocidade em pontos críticos. “É estatisticamente comprovado que tem uma redução bastante importante [de velocidade dos veículos] quando [os radares] estão instalados. O que é mais importante? Preocupar-se com a multa ou matar ou morrer?”, compara.