O problema eletromecânico que afetou a unidade de produção Tibagi da Sanepar entre a noite de terça-feira (2) e a madrugada de quarta (3) deixou milhares de londrinenses e cambeenses sem fornecimento de água em um dia em que os termômetros bateram 33°C.
O gerente geral da Sanepar na Região Nordeste, Rafael Leite, afirmou que sete reservatórios entre Londrina e Cambé entraram em nível crítico, o que levou à necessidade de suspensão do fornecimento, mas que a água será retomada a partir do fim da tarde desta quarta.
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Os transtornos foram maiores para quem não tem caixa d’água em casa, como a dona de casa Nágela Rodrigues. Moradora do Jardim Marieta, na região do Vivi Xavier, na Zona Norte, ela percebeu que estava sem fornecimento de água logo pela manhã. “Está ocorrendo frequentemente, na verdade. Faz, no máximo, uma semana e meia que ficamos sem água e agora, novamente. E sem aviso algum, para que pessoas sem caixa d’água, como eu, possamos guardar”, reclama.
Para não ficar totalmente desabastecida, foi até a casa da mãe no Jardim Cancún, na região do Parigot de Souza, também na Zona Norte. Mas, para não deixá-la também sem água, trouxe apenas dois litros. Nesta quarta, ela está em casa com a filha de dois anos e o filho do meio, que tem TEA (Transtorno do Espectro Autista) e não foi para a escola. O marido e o filho mais velho voltam para a casa à tarde.
Nágila afirma que estar em casa com duas crianças é a parte mais difícil, porque eles têm dificuldade em compreender que a água precisa ser racionalizada e não é possível dar descarga no banheiro, por exemplo. Ela espera que a volta do abastecimento ocorra até as 21h, como foi na última ocorrência, para que possam tomar banho e lavar a louça.
Morador do Parque Residencial Cambé, em Cambé (Região Metropolitana de Londrina) há 45 dias, o operador de tráfego Luiz Roberto Alves diz que esta é a terceira vez em que se depara com as torneiras de casa secas. “Isso é um problema, porque temos pessoa com deficiência em casa e precisamos nos programar. A Sanepar devia avisar com antecedência”, diz.
No total, cinco pessoas residem na casa localizada na Rua das Embaixadas, próxima à Paróquia Cristo Rei.
Também moradora do Residencial Cambé, a auxiliar de chapeira Rosinete Vieira da Silva voltou a viver na casa da mãe com dois filhos, o que elevou o número de moradores para seis. “Falaram que ia faltar no domingo, mas não tivemos problema. Hoje, acordei e fiquei sabendo que estávamos sem”, diz.
A residência tem caixa d’água, mas é exclusiva para o banheiro, explica Rosinete. “Ainda assim, como é válvula, é bom economizar. Não dá para dar descarga em toda necessidade”, afirma. Por outro lado, no restante da casa, as torneiras estão secas. “A louça vai ter de ficar para a noite”, diz, esperançosa do retorno do abastecimento.
Bombas paradas
A falha eletromecânica no sistema Tibagi foi a falha no disjuntor de proteção das bombas de captação de água, que precisou ser retirado no fim da noite desta terça para passar por manutenção, afirma o gerente geral da Sanepar Rafael Leite.
Os trabalhos foram concluídos por volta das 6h, mas, devido ao nível crítico dos reservatórios, a companhia optou por suspender a distribuição. “Temos os reservatórios para garantir [o fornecimento] quando temos problema no sistema produtor. Mas, por que não conseguimos resolver? Porque tivemos vários problemas de oscilação de energia no sistema Tibagi, que desligavam nossas bombas, durante essas paradas, a produção de água não ocorria”, explica.
Foram detectados níveis críticos em três reservatórios da Zona Norte; um da Zona Sul, um da Zona Leste e dois em Cambé, de um total de 13 reservatórios que atendem os dois municípios. A estimativa é que metade das unidades consumidoras tenham sido afetadas.
Com relação às recorrências de falta d’água citadas pelos consumidores, Leite recorda que houve intercorrências climáticas que prejudicaram a produção, como a falta de energia elétrica após o temporal de 8 de novembro, por exemplo. “Temos uma obra conjunta com a Copel para reforço das nossas unidades, de forma a reduzir as oscilações da rede”, diz.
Ele também ressalta que casas com caixa d’água de, pelo menos, 500 litros não costumam sentir esse impacto porque, de acordo com a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), esta é a capacidade para suprir as necessidades de uma família de quatro pessoas por um período de 24 horas.