Desperdício de alimentos é uma realidade que preocupa o mundo. Em um levantamento realizado pela FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura) em 2019 mostra-se que 20% das perdas alimentares acontecem na América Latina e Caribe, embora 47 milhões de pessoas enfrentem situação de fome nestas localidades.
Nesta conta, entram todas as etapas da cadeia produtiva, ou seja, desde a colheita até a distribuição nos supermercados. No Brasil, a matéria-prima refugada (rejeitada) em feiras livres, armazéns e demais pontos de venda poderia alimentar 11 milhões de pessoas.
Com a reflexão proposta pelo Dia Mundial da Alimentação, comemorado em 16 de outubro, a instrutora de gastronomia do Senac EAD, Roseli Candêo, compartilha dicas de como aproveitar alimentos presentes nas refeições das famílias brasileiras. Para a profissional, uma boa refeição não precisa de muito tempo para ser feita e o segredo é unir planejamento e organização. "Precisamos de carboidrato, proteína, vegetais e, de preferência, um prato muito colorido. Com vários carboidratos e proteínas pode-se fazer uma quantidade maior, fazer porções e congelar, isto faz com que se reduza o tempo de preparo em até 5 vezes", detalha.
Dica de proteína animal
Uma das carnes mais apreciadas pela população brasileira é o frango. Porém, muitas pessoas dispensam carcaça e miúdos por considerarem que não é possível aproveitá-los. A instrutora apresenta algumas opções práticas e que podem ser bastante saborosas e nutritivas.
"Com a carcaça do frango é possível produzir um excelente caldo que pode ser utilizado no cozimento do arroz, sopa ou até mesmo substituindo água e leite no preparo da massa de pão. Outra opção é levar ao forno para dar uma tostada e fazer um cozimento com salsão, cenoura, beterraba ou alho-poró. Depois de temperar a gosto, deixe esfriar e pode congelar para uso posterior".
As vísceras ou miúdos podem ser refogadas e assadas, ou ainda, trituradas e misturadas com carne moída ou feijão. São uma alternativa para servir nas refeições e proporcionar maior nutrição aos pratos do cotidiano.
Roseli reforça que o conceito de aproveitamento de alimentos pode contribuir para a melhor utilização de vegetais e carnes, considerando o cenário de desigualdade social da população e de famílias com baixo poder aquisitivo. "As cestas básicas com custo mais acessível ou distribuídas à população carente não contemplam vegetais e frutas, que têm vitaminas e minerais tão necessários ao desenvolvimento. Os produtos desperdiçados em feiras livres, supermercados e centros de distribuição poderiam ter partes reaproveitadas e distribuídas para quem precisa, em formato de conservas, geleias e produtos desidratados", observa.
A instrutora acrescenta que o frango é muito versátil e pode ser "transformado" em outros pratos muito apreciados. "A carne assada, por exemplo, pode se transformar em receitas saborosas como: fricassê, farofa, bolinho, recheio de coxinha, sanduíches, tortas e empadões. Já quando estiver cozida pode ser base para o preparo de canjas e caldos", finaliza.