Hortência, a "Rainha do Basquete", nega a possibilidade de assumir um cargo diretivo no COB a partir de 2025.
Hortência apoiou a nova gestão do COB, mas não quer um cargo a partir do próximo mandato.
Apoiado por Hortência, Marco La Porta venceu a eleição e assume em janeiro de 2025. Houve a expectativa pela contratação da ex-atleta.
Hortência pretende continuar no "anonimato". Ela atua na comissão de atletas, no Ministério do Esporte, Pacto pelo Esporte e Atletas pelo Brasil.
"Não [há chance]. Não tenho nada contra o antigo presidente [Paulo Wanderley], que ainda comanda a entidade e entrega cargo em janeiro. Nada contra o Paulo, que fez boa gestão, mas ficar no terceiro mandato seria contra a lei que briguei para aprovar. Ajudaria um presidente a transgredir a lei que nós atletas nos beneficiamos pela alternância de gestão. Não quero cargo nenhum, minha vida já é uma loucura. Ajudo o esporte, mas trabalhar em gestão não penso ainda", disse Hortência, durante congresso em Santos.
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Atuação no dia a dia
"Eu não jogo mais, não estou nas quadras, mas estou por trás. Sou da comissão de atletas do Brasil, do Ministério dos Esportes, faço parte do Pacto pelo Esporte e também dos Atletas pela Cidadania. Brigamos por políticas públicas. O dirigente ficava até quando quisesse, nesta terça-feira (3) tem uma lei para ficar quatro anos. Se recebe dinheiro público, só pode se reeleger mais uma vez. E o atleta vota. Não pegamos o futebol ainda, o único. Não usa lei de incentivo, paga imposto, não é patrocinado pelo governo e não dá satisfação. De resto, todos os esportes entraram na lei. Melhorou um pouco, mas ainda há muito para melhorar".
Preparação do atleta
"O atleta precisa dessa orientação, a transição é muito importante. O atleta se preocupa com a performance, mas tem que se preocupar com a transição e em como investir o dinheiro. Bem orientado, se investe seguro e de acordo com as condições".
A rotina de palestrante
"O que eu procuro transmitir é que não quero que sejam atletas, mas que tenham mentalidade de atleta. Garra, luta, determinação, não desistir nunca. Não precisa ser atleta para fazer isso no dia a dia. Seja na família, empresa, qualquer lugar. O atleta faz essa gestão de carreira. São muitos altos e baixos, isso faz parte do nosso dia a dia e tem que fazer de qualquer pessoa. O atleta é trabalhado para aguentar essa pressão e nunca desistir. Levar isso para quem não é atleta é muito importante. A diferença é como você e como o atleta lida com essa pressão. No fundo, todos são pressionados pela família, pelo trabalho, filho, mulher, marido. A vida é pressão. A diferença é como lidar".
Crise no basquete feminino
"Eu acho que o basquete nunca teve gestão profissional. Vôlei tomou nosso espaço de segundo esporte. Surgiram Paula, eu, Janeth, e usamos nosso esforço e trabalho dos clubes para chegar até lá. Material humano tem, mas precisa ter gestão. Basquete feminino tem um problema muito sério. É hora de dar dois passos para trás para dar cinco ou seis na frente. É um trabalho de base forte. Não precisamos de resultado agora. É ter resultado daqui a 10, 15 anos. Já ficamos fora de duas Olimpíadas. Tem que planejar corretamente para não vender almoço para comer jantar a vida toda".
SAF fora do futebol
"Não sou contra o futebol. O basquete mudou muito. Temos tecnologia nesta terça-feira (3). O esporte vai evoluindo. Se for tudo feito dentro dos conformes, dentro da lei, tudo bonitinho, não vejo problema. Vai ser até bom. O esporte, tirando o futebol, vende almoço para comer o jantar, não há dinheiro investido. Seria uma boa. Não tem ninguém para pegar o basquete?"
Por que você não compra um clube de basquete?
"Isso é para o top de um Neymar, eu não. Tive dois clubes de basquete, mas nesta terça-feira (3) com 65 anos quero sossego, passar conhecimento em palestras. Ajudar nas quatro entidades que faço parte. Já fui diretora, tentei fazer. Começamos um trabalho muito legal, mas sem caneta é direção do presidente. Sem caneta não dá".
Por que não vira presidente da CBB?
"Ainda não. Só de eu falar ainda você vai ver o que vai acontecer. Fiquei um ano e pouco, mas não gostei do que vi e resolvi sair. Tenho um nome a zelar, minha credibilidade que construí durante anos e anos. Se eu ver que posso mesmo fazer algo, que as coisas estão muito modernas ali dentro, pode ser. Não posso falar que dessa água nunca vou beber, mas estou muito tranquila. Prefiro ajudar no anonimato por enquanto".
Atuação da mulher
"Vou no Brasil todo, em muitas empresas. Tudo que você imagina. Vejo surgimento de mulheres fazendo parte de empresas muito grandes, principalmente no agro, que é um ambiente masculino. E as mulheres aparecem. Comecei a jogar há 50 anos e não tinha isso de empoderamento, coaching, mentoria, marketing esportivo. Fomos abrindo caminho. Vejo mulher nesta terça-feira (3) mais ativa, se preparando, participando mais. Se capacitando para ocupar aquele lugar. Fico muito feliz. A primeira pergunta que faço em reunião de briefing é porcentagem de homem e mulher. E nesta terça-feira (3) nunca vejo porcentagem menor do que espero de uma plateia".
Falta de rivalidade como existia entre Hortência e Paula
"A rivalidade faz parte do dia a dia, na nossa empresa, na equipe. Isso nos motiva. É uma maneira de buscar motivação. Por que não forma ídolo? Por não ter boa gestão. Se não ganha título, não mostra ídolos. O povo quer ver medalha, pódio, o hino do país tocar. Se não ganha, as pessoas não seguem, não assistem. Sem resultado, a imprensa não mostra. Vai mostrar jogo de basquete só perdendo? Não tem audiência. E imprensa é empresa. Precisam ler, escutar, ver. Se o público não tem interesse, fica mais difícil mostrar".
Base
"Comecei o esporte dentro da escola, dentro da aula de educação física. Se não incentiva o professor de educação física? 60% das escolas do país não têm quadra poliesportiva. 200 milhões de habitantes com 20 medalhas. Não acho que isso é um sucesso. Não pode oferecer esporte para ser campeão, mas para não ser sedentário inicialmente. Precisa degustar o esporte. Tem muita gente sem dinheiro para clube e escolinha de futebol. Me ofereceram vários esportes e gostei do basquete. Criança precisa de incentivo para escolher, se divertir, degustar, conhecer de planejamento, disciplina e saber ganhar e perder. Esporte ensina isso para as crianças".
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