Cátia Oliveira recebeu a convocação para defender a seleção brasileira de futebol no Mundial Sub-17 da categoria em uma tarde, por volta das 17h. Seria motivo de muita festa, se ela não tivesse sofrido um acidente automobilístico pela manhã, às 11h, que a deixou paraplégica. Catorze anos depois daquele trauma, ela faturou neste sábado (28) a medalha de bronze no tênis de mesa nos Jogos Paralímpicos.
A garota nascida em Cerqueira Cesar (SP) estava no banco de trás do carro, dormindo, sem cinto de segurança, quando ocorreu a situação. As outras duas pessoas no veículo, dirigido por uma colega de time menor de idade, nada sofreram com o choque, mas ela teve uma lesão na coluna e perdeu os movimentos das pernas.
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Foram cinco anos de recuperação até que, em 2012, ela conheceu o tênis de mesa paralímpico e resolveu se arriscar. Em 2016, chegou pela primeira vez à Paralimpíada. E, em 2018, a um feito histórico: a prata no Campeonato Mundial. Mas mais uma vez a felicidade veio junto com uma enorme dor.
O pai dela, Flávio Alves, teve um ataque cardíaco ao saber da classificação da filha para a final do Mundial, precisou ser internado em um hospital, e acabou não resistindo. Faleceu antes que ela subisse ao pódio com a medalha de prata.
Passado o trauma, ela continuou no tênis de mesa e chegou a mais uma conquista histórica. Na sexta(27), ao se classificar para a semifinal, ela já havia garantido uma medalha paralímpica. Hoje essa medalha ganhou cor, de bronze, depois que ela foi derrotada pela sul-coreana Su Yeon Seo por 3 a 1, de virada, pelas semifinais das classes 1 e 2, para atletas cadeirantes.
Na madrugada deste sábado, Oliveira começou melhor no primeiro game e o fechou em 11/7. Na segunda parcial, a brasileira chegou a liderar, mas levou a virada da sul-coreana, que é a atual campeã mundial e venceu por 11/8.
No terceiro game, Su Yeon abriu vantagem e ganhou por 11/5. Já no quarto, Oliveira fez disputa equilibrada, mas viu a sul-coreana ficar com a vitória com o placar de 11/9.
"Estou muito feliz. Lógico que eu queria ter ido para a final e tentado brigar pelo ouro. Tive um desempenho muito bom e perdi em detalhes que fizeram total diferença. Mas em nenhum momento parei de brigar, em momento nenhum abaixei a cabeça. No Rio, não passei da fase de grupos, hoje saio com uma medalha de bronze. E ainda tem mais, já que teremos a disputa por equipes", disse a medalhista paralímpica em Tóquio.
A medalha dela foi a terceira do país neste sábado, quarto dia de eventos no Japão. As outras duas foram no atletismo: a prata de Thalita Simplicio nos 400m rasos T11 e o bronze de Julyana da Silva no lançamento de disco da classe F57.