Um atleta, que já foi campeão sul-americano de levantamento de peso, está internado em uma UTI (Unidade de Terapia Intensiva) depois de contrair o coronavírus. Ricardo Xavier de Souza, 41, o Gigante, tem 1,85 de altura e 127 quilos, e agora luta para superar a Covid-19.
Apesar do histórico de atleta, que já levantou 250 kg, Gigante tem problemas com a pressão e toma medicamento controlado, segundo a mulher, Alexandra Souza, o que o coloca no grupo de risco da doença. "Ele é naturalmente forte, nunca usou anabolizante, morre de medo de agulha. Nasceu com esse corpo, e sempre treinou muito", diz.
O casal mora em São Vicente, no litoral de São Paulo. Alexandra conta que os primeiros sintomas apareceram em 27 de março. "Ele teve febre e dor de cabeça, mas não foi nada mais sério. A maior reclamação era dor pelo corpo", explica.
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A situação piorou e, no dia 29 de março, Gigante foi até o Hospital Ana Costa, na Praia Grande. Fez exames de raio-x e de sangue, que nada detectaram. Ele foi medicado e liberado para voltar para casa.
O quadro, entretanto, piorou muito rapidamente. Em menos de uma semana, Gigante voltou outras duas vezes ao hospital. Em 6 de abril, a falta de ar chegou a um ponto insuportável. "Ele dizia que parecia que estava se afogando, debaixo d'água, sem conseguir respirar. E a dor no peito persistiu, com diarreia e vômito. Nesse ponto, voltamos ao hospital", diz a mulher.
Gigante foi internado e colocado em isolamento. "Disseram que ele estava com quadro de pneumonia e foi direto para o isolamento, com suspeita de coronavírus. Ele passou a usar um respirador daqueles mais simples", conta Alexandra.
Dois dias depois, em 8 de abril, o quadro piorou e o atleta acabou tendo que ser entubado, usando respirador mecânico. "Estava sem comer, debilitado. Nem com o respirador ele estava conseguindo respirar. Houve uma piora, os rins quase pararam. Ele estava em estado gravíssimo", conta Alexandra.
Com o quadro, Xavier foi transferido para a unidade do hospital em Santos, considerada mais preparada para lidar com o caso. Ele segue internado na UTI.
Na última sexta, dia do aniversário de 18 anos do filho do casal, Bryan, veio o diagnóstico oficial que ofuscou qualquer comemoração: Gigante tinha Covid-19. "Naquele momento, foi como se tivesse levado um soco. Ele sem poder respirar, fiquei tão mal que nem conseguir ir pra casa, tive que ser levada por amigos", conta mulher.
CLOROQUINA
O quadro de saúde de Gigante se agravou rapidamente, e os médicos chegaram a dizer à esposa que a medicação não estava fazendo efeito. "Eles pediram autorização para usar a cloroquina, e eu dei. É a última esperança de salvar a vida dele". Na quinta, o tratamento com a droga começou.
Desde então, segundo a mulher, seu estado se estabilizou. "A pneumonia está controlada", disse.
Procurado, o hospital não se pronunciou sobre o uso do medicamento ou sobre o estado de saúde do paciente.