Rosa del Alba Rosas Valdivia detestava seu nome de batismo, detestava ter que pintar o cabelo de loiro para parecer uma gringa como queria sua família da classe média mexicana e detestava morar na casa dos pais. Mas aos 15 anos, Violetta (era assim que ela gostava de ser chamada) descobriu como se tornaria uma menina rica.
Depois de descobrir a farsa dos pais para desviar dinheiro de almoços beneficentes da Cruz Vermelha, Violetta decide que será mais esperta do que eles. Os 114.690 dólares escondidos no guarda-roupa da mãe vão parar numa mala velha com a qual Violetta consegue fazer a travessia clandestina na fronteira com os Estados Unidos para chegar a seu destino: Nova York, onde enfim ela poderia ser livre, segundo acreditava.
Do outro lado da fronteira Violetta vive como a menina rica que sempre imaginou que merecia ser até ver os últimos dólares da pequena fortuna surrupiada dos pais irem embora em diárias de hotéis de luxo e roupas de grife dois anos e 15 dias depois de fazer a limpa no improvisado cofre da mãe. No impulso por manter seu novo estilo de vida Violetta passa a transitar entre o que há de mais luxuoso e mais degradante no universo onde quem dita as regras é o dinheiro.
De filha de sua detestável família classe média mexicana, Violetta passa a ladra, imigrante ilegal, prostituta e traficante de drogas em cerca de cinco anos, quando decide voltar ao México onde conhece um pouco mais tarde seu Diabo Guardião, um candidato a escritor solitário e romântico a quem se revela. É a ele que Violetta está contado sua história falando para um gravador escondida num hotel barato. Diante do vigor narrativo da mocinha-vilã, a história de Pig, o escritor, fica quase em segundo plano intercalada em parágrafos de menor velocidade, porque se tem uma coisa que Violetta saber ser é rápida.
Serviço:
Diabo Guardião, Xavier Velasco, tradução de Paulo Andrade Lemos e Ana Zubasti van Eersel. Editora, 2007, 458 páginas. Nas Livrarias Curitiba e Livrarias Porto o preço é R$ 59,90.