Comportamento

Massacre a animais praticado por criança pode ser pedido de socorro, diz psicóloga

15 out 2024 às 18:17

O massacre aos animais praticado por uma criança de nove anos neste domingo (13) em Nova Fátima, no Norte do Paraná, pode ser um pedido de socorro, segundo a psicóloga e professora da Unicesumar Bruna Milhorini.


O menino, de acordo com a PM (Polícia Militar), matou pelo menos 15 animais de uma clínica veterinária. Ele, após ser questionado, confessou a ação à avó. A psicóloga ressalta que a criança, por meio da atitude, pode estar querendo comunicar algo aos responsáveis.


"O fato de ela ter matado os animais e os colocado em situação de sofrimento é um sintoma de que não está bem. Quando a criança tem um comportamento disfuncional, a gente fala que é como se fosse um pedido de ajuda para que os adultos olhem para ela", explica a profissional.


Por mais que a sociedade tenha ficado revoltada com a atitude do menino, Milhourini deixa claro que o massacre não pode ser classificado como um crime ou até mesmo um ato psicopático. Porém, há indícios que expressam a necessidade de um tratamento psicológico imediato.


"Quando há esse comportamento violento, pode ser indício de uma situação que provocou muita angústia e sofrimento emocional e que esse sofrimento não foi acolhido. A criança que não tem a oportunidade de entender por que ela sofreu passa a se expressar por meio de ações desajustadas e disfuncionais."


Menino não é um psicopata


Milhourini pondera que o menino que matou os animais em Nova Fátima não pode ser considerado um psicopata. Esse termo foi direcionado a ele por centenas de internautas de maneira errônea, segundo a psicóloga.


"O diagnóstico só pode ser dado depois de uma série de avaliações com médicos, psicólogos e outros profissionais. Entretanto, ao analisar alguns crimes, é possível classificar certas ações como traços de psicopatia e frieza emocional."


Ela ainda ressalta que antes dos 18 anos de idade não é possível fechar um diagnóstico de psicopatia, somente um diagnóstico de transtorno de conduta, em que se percebe algo desajustado que precisa ser tratado. "Isso acontece porque o diagnóstico de psicopatia é muito sério e fácil [de ser dado] para a sociedade. Isso atrai um estigma muito cedo e a criança acaba não sendo cuidada", destaca.


'Psicopatia não é doença e, por isso, não tem cura'


A professora da Unicesumar afirma que psicopatia não é considerada uma doença e, por isso, não tem cura. "É um transtorno de personalidade, um jeito de ser. Quando falamos sobre transtorno de personalidade psicopático, não existe cura. A ciência até hoje não trabalha com a cura para esse tipo de transtorno", explica.


Durante a infância, entretanto, alguns cuidados podem ser tomados para prevenir o transtorno ou até mesmo atrasar o diagnóstico o máximo possível. A atenção da família é de extrema importância em casos como esse.


"Quando a família presenciar casos assim, deve procurar ajuda psicológica. Na avaliação, a família deve participar junto. Na psicoterapia, os familiares serão direcionados sobre os tratamentos e como proceder. É necessário ficar atento."


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