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Sorrir para o que, Julia?

26 jan 2004 às 10:59

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O Sorriso de Mona Lisa (Mona Lisa Smile, 2003) revisita os temas de Sociedade dos Poetas Mortos (1989). O filme de Peter Weir virou uma espécie de cult entre adolescentes que ainda não sabiam o que havia sido o maio de 68 e tiazonas dispostas a encharcar lenços. O filme contava com conflitos de gerações mostrados de forma eficiente, além de ser recheado de sentimentos de admiração. No final das contas, queria dizer o que? Ah, sim: aproveitem o dia, garotos. Grosso modo, rompimento com os padrões à moda de Hollywood.

Ok, à época fingimos que aprendemos a lição. Apesar de muito bem realizado - Peter Weir é muito competente - o filme era maniqueísta ao extremo e revisto hoje, 15 anos depois, ficou datado. "Cuidem de suas crianças", parecia nos dizer o tempo todo. Mas hoje, com sintomas típicos do nosso tempo, tais como invasão do Iraque, Fórum Social Mundial e um sistema global cada vez mais opressivo, o que ganha força na rebeldia coletiva são outras táticas de desobediência civil. O que há para se aproveitar? Garotos que querem meter a boca no mundo o fazem nas ruas ou através de seus weblogs. Nesse aspecto, Sociedade dos Poetas Mortos perdeu parte do apelo e faz pouco sentido hoje em dia.

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Mas Hollywood, normalmente 10 ou 15 anos atrasada em relação aos costumes, só consegue se sintonizar com a juventude através de adaptações cada vez mais elaboradas de seus bens de consumo - quadrinhos, games, Harry Potter. (A tevê, é bom que se diga, localizou as ansiedades dessa geração mais rapidamente, mesmo que de forma pasteurizada - vide seriados como Friends, mas esse é outro papo). Fora disso, esse cinema nos vende imagens de opressão milimetricamente calculadas, nos fazendo supor que somos nós mesmos lá na tela. É a tal da identificação, com a qual multidões são levadas ao cinema.


E agora temos Julia Roberts voltando ao modelo de Sociedade dos Poetas Mortos. Em O Sorriso de Mona Lisa, Julia é a professora que vai mudar a vida de suas alunas. Estamos, mais uma vez, nos anos 50, em uma tradicional escola americana. As garotas são treinadas para serem excelentes esposas e Julia as dirá que não é bem por aí.

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Se no filme de Weir havia a poesia como elemento de libertação, aqui o lugar é das artes plásticas. Em ambos os casos, o tratamento dado à arte é superficial, mas Sociedade ainda prezava a descoberta. As garotas de Mona Lisa são outra coisa, gente que, pelo que vemos, está pouco disposta a aprender.


Enfim, a partir daí temos uma série de situações esquemáticas, desembocando em um final de lágrimas fáceis. O diretor Mike Newell, que já fez melhor, assume a cadeira de forma burocrática. Porque a dona do filme é Julia, ponto. O que é o título senão uma alusão à característica mais marcante da atriz? É um filme-veículo, e para ficar em um exemplo atual, O Último Samurai, com Tom Cruise, é um entretenimento bem mais digno.

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Estamos falando de um filme para quem? Melhor: o que O Sorriso de Mona Lisa quer dizer? Há uma pálida discussão sobre ideais feministas que conduzem a trama, mas que estão lá de uma forma um tanto capenga. Não se forma um painel satisfatório do status da mulher na época - ao contrário, por vezes faz a própria elegia de uma existência de subserviência. Sobra essa rebeldia algo comportada e distante da realidade. Nessa, os mais jovens não vão cair. Restam os lenços molhados e os juízos que já vêm prontos.


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