Muito tem sido falado e comentado sobre a fragilidade atual de nosso sistema econômico/financeiro, infelizmente, fundamental "apagar o incêndio" antes que destrua tudo, por outro lado, compreender a origem dessa situação, poderia evitar muitos (e quase certos) problemas futuros.
É fato que, a propensão do mundo à paz, por mais contraditório que isso possa parecer – quase bizarro – contribuiu muito para os problemas que vivemos no momento. A redução na demanda por armamento, afetou significativamente a poderosa indústria bélica americana, que, num efeito cascata, gera ausência de recursos, que vai afetando os demais segmentos da economia, principalmente a construção e a automobilística, que são grandes geradores de postos de trabalho.
Somamos a isso, a falta de critério na disponibilização de crédito e a alta concentração de renda, insuficiente para movimentar integralmente a economia. Por mais milionários (ou bilionários) que sejam, não conseguem movimentar todo o processo sozinhos. Todo o segmento de classes sociais tem papel importantíssimo, pois nosso modelo econômico, exige produção e consumo equilibrados. Ausência de produção, pode até não afetar imediatamente a demanda, mas, a ausência de demanda, instantaneamente afeta a produção, reduzindo postos de trabalho, reduzindo o dinheiro em circulação, e num ciclo maligno, todo sistema é comprometido.
Difícil analisarmos quaisquer dos aspectos dessa situação de forma individual, os integrantes desse gigantesco e intrincado sistema, estão muito mais próximos do que se imaginava, o efeito não é pontual, mas generalizado.
Um item interessante nesse assunto é quando tenta-se estabelecer o início da crise. Arrisco afirmar que ela começou muito antes do problema imobiliário americano e, depois das notícias que veicularam na mídia hoje, fiquei realmente surpreso com algumas informações.
De repente, a toda poderosa – e referência – indústria americana, mostrou sinais de erros primários, problemas administrativos que em nossos primeiros anos de faculdade, temos descritos e somos chamados a não cometê-los. Planejamento é uma das palavras mais ditas durante o curso de administração, mas parece que nossos administradores estão fazendo a lição de casa melhor que os deles:
Na Folha de São Paulo, caderno "Dinheiro", 31/03/2009:
--- Obama rejeita planos de GM e Chrysler e dá ultimato
... No curto prazo, as exigências de Obama para a GM são boas", disse à Folha Howard Wial, economista e ex-analista de tecnologia do Departamento do Trabalho dos EUA. "Mas não são suficientes para o longo prazo, pois o problema da GM não é de custo, é de qualidade e inovação...
--- "Pediram que eu me afastasse", diz executivo
... Para críticos, sob a liderança dele, a GM se concentrou em camionetes e utilitários enquanto concorrentes estrangeiras tinham carros menores e com maior eficiência de combustível. Entre 2004 e o ano passado, a empresa perdeu mais de US$ 82 bilhões. O preço das ações caiu de US$ 35 há três anos para US$ 2,70 ontem.
Vemos um mercado (americano) muito mais frágil do que imaginamos, com uma importância superdimensionada. Não, não estou negando uma crise, mas aparentemente, os outros mercados se aprimoraram, as indústrias evoluíram, tendências foram acompanhadas.
A impressão é que os Estados Unidos, se tornaram uma ilha, num mundo onde as fronteiras cada vez mais deixam de existir e agora, estão pagando por isso. Infelizmente, nos esforçamos pouco, quando tudo vai bem. Espero que consigamos sobreviver bem e tirar lições valiosas desse momento, porque aparentemente, vimos apenas a ponta do iceberg.