A tecnologia avança a passos largos. É inacreditável a velocidade em que progredimos nesta área, novidades surgem a todo instante, nos mais diversos níveis de aplicações e hardware. E muito interessante o quanto as pessoas gostam dessas novidades, a expectativa pelo lançamento do produto A ou B, e as repercussões imediatas, potencializadas pela facilidade e agilidade da internet – que também está evoluindo, numa corrida contra seu próprio crescimento avassalador – fazendo co quem os comentários, avaliações e considerações sejam muito melhor aproveitados, gerando novas tendências, novos produtos, mais novidades.
Uma das áreas que mais desperta interesse e fascínio, é a robótica. Idealizada e sonhada através dos filmes de Hollywood, a ficção científica a muito flerta com a possibilidade de máquinas convivendo com os humanos, mas mesmo nas telas, o desfecho dessa convivência nem sempre é satisfatório, porque não conseguimos uma maneira de burlar a lógica de funcionamento das máquinas, a implacável lógica que compreendemos, mas que é tão difícil conciliar com nosso próprio comportamento, afinal, qual lógica existe nos humanos?
Recriar nossos sentimentos, melhor, ensinar uma máquina a sentir da mesma maneira que nós é uma tarefa "Herculea", tempos atrás a palavra impossível seria perfeita para descrevê-la, mas hoje, o impossível é aquilo que ainda não foi tentado. Como explicar para uma máquina a valorizar a vida? A não abusar de sua força física superior? Como ensiná-la a amar?
A Teoria do Caos diz exatamente que devemos restringir as regras ao máximo e dar libertar para a gestão conhecimento de cada um, o que potencializa a qualidade das tarefas e atividades desenvolvidas. O próprio conhecimento é gerado quando temos oportunidade de agir apenas pelo bom senso e não apenas seguindo as regras, que nunca são suficientes em número nem em clareza e mesmo com nossa capacidade de processar um número absurdo de informações simultâneas, nos vemos o tempo todo diante de situações novas e complexas que exigem reações imediatas e que deveriam ser ideais, mas estão longe do nosso total controle.
Isso ocorre dado o elevado número de variáveis que precisam ser monitoradas e consideradas simultaneamente. Incrível, mas nosso cérebro consegue processá-las de uma maneira muito competente, mas sempre estamos reféns de nossos sentimentos mais fortes, aqueles que nos impelem a tomar decisões baseados num conjunto "imediatista" de variáveis consideradas.
Essa característica embriaga os pesquisadores, pois quanto mais se conhece o funcionamento do cérebro humano, mais distante parece a realização de uma máquina com inteligência artificial plena, competente o suficiente para agir como um ser humano. Outra coisa curiosa são as fobias, aqueles medos que temos e estão de tal forma arraigados em nossa natureza, mesmo que nunca os tenhamos confrontado realmente. Se gritar "tubarão" com muita ênfase, na borda de uma piscina de clube, muitas pessoas sairão da água. Estranho, bizarro, inexplicavelmente admirável.
São inegáveis os avanços que temos nessa área, mas talvez, "logicar" os sentimentos seja a contramão da estória. Provavelmente conhecê-los melhor em nós mesmos, faria uma sociedade de tal forma melhor que nossa ânsia por máquinas seria menor. A impessoalidade da tecnologia está confeccionando pessoas distantes e uma distorção de muitos valores que são pilares de nossa sociedade. Talvez o final do mundo em 2012 seja realmente uma realidade, não por uma catástrofe prevista num calendário Maia, mas por uma desestruturação da ordem social em que estamos inseridos.
Pense!