Poucos eventos políticos podem ser considerados tão enigmáticos como as Jornadas de Junho. E a busca por respostas simples pode frustrar os preguiçosos. Em qualquer pesquisa rápida no Google, as opiniões são tão difusas quanto as bandeiras abstratas que tremulavam na mente das multidões.
O certo é que o tempo tem mudado a percepção sobre aquelas ruas épicas de 10 anos atrás. A cada ano de acontecimentos somado, uma camada nova é acrescentada ao debate. Somente este ano, quatro livros foram lançados sobre a fúria que varreu o Brasil no terceiro ano do primeiro governo da presidente Dilma: “Uma Crise chamada Brasil: a quebra da Nova República e a erupção da extrema direita”, do jornalista Conrado Corsalette; “Treze – A política de rua de Lula a Dilma”, da socióloga Angela Alonso; “A verdade vos libertará”, da fotojornalista Gabriela Biló; e “A Razão dos Centavos: crise urbana, vida democrática e as revoltas de 2013”, do urbanista Roberto Andrés.
A DIREITA VAI ÀS RUAS
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A busca por profundidade é a única saída segura para saciar as curiosidades mais genuínas, defendem os intelectuais. A Folha escalou dois professores universitários, dois doutores em Filosofia para tentar contribuir neste esforço de tradução daquela onda nacional que também quebrou em Londrina em pelo menos duas oportunidades na segunda quinzena de junho de 2013.
“Na minha perspectiva, o Brasil fez parte de um ciclo de revoltas democráticas de caráter global, como a Primavera Árabe, o Occupy Wall Street, o Movimento M15. São movimentos relacionados ao fato de que a democracia não entrega o que promete e também ao fim do ciclo de prosperidade econômica que acaba com a Crise de 2008, um colapso do modelo de excesso de produção e de pouca distribuição. As pessoas queriam um estado mais eficiente e havia uma crise no sistema político naquele momento”, explica Clodomiro Bannwart Júnior.
“Não podemos esquecer que estávamos no final do primeiro governo Dilma e como todo governo longevo sempre ocorre desgaste. E todo movimento de rua tende a provocar prejuízo para quem está no poder. O governo até tentou agir para evitar o desgaste. É verdade que conseguiu ganhar a eleição de 2014, não sem algum estrago”, pondera Elve Cenci.
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