Ocorreu nesta quinta (1°) o debate entre os candidatos ao Governo do Estado no Paraná sediado pela UEL (Universidade Estadual de Londrina).
O evento, promovido pelo Coletivo de Sindicatos de Londrina e mediado pelo jornalista Fábio Silveira, contou com os candidatos Roberto Requião (PT), Ricardo Gomyde (PDT) e Professora Angela (PSOL). O candidato Ratinho Junior (PSD) não compareceu "devido a outro compromisso em sua agenda".
O debate, que foi divido em três blocos (perguntas dos representantes sindicais, perguntas depositadas pelo público e perguntas feitas entre os candidatos), abordou problemas relevantes sobre a vida dos paranaenses, como educação, saúde e segurança.
Foram feitas ainda, por parte dos candidatos, diversas críticas ao atual governador do Paraná, além de trocas de farpas entre Requião e Gomyde, com o petista acusando seu adversário de servir como cabo eleitoral de Ratinho Júnior.
EDUCAÇÃO
Quando questionado sobre o tema educação, Requião falou sobre "restabelecer a alegria nas salas de aulas" e complementou afirmando que "a formação continuada dos professores começa no primeiro dia do funcionário, pois tem empresas ganhando fortunas em cima dos salários".
Gomyde defendeu rediscutir a LGU (Lei Geral das Universidades) e elogiou os feitos do governo de Ciro Gomes (PDT) na educação do Estado do Ceará, o que gerou incomodo no adversário. "O melhor ensino do Brasil foi no Paraná e não no Ceará", rebateu Requião, ex-governador paranaense.
Já a candidata Professora Angela discursou a favor da educação pública e do aumento dos salários dos professores: "Estamos vivendo um apagão na educação. Temos como rever os salários e investir. Vamos acabar com as privatizações e militarização das escolas".
SAÚDE
Para a área da saúde, Professora Angela criticou duramente o sucateamento do SAS (Sistema de Assistência à Saúde) e defendeu a descentralização do SUS (Sistema Único de Saúde): "A atenção primária é uma proposta. Vamos reforçar o atendimento à população primaria."
O ex-governador do Paraná relembrou os feitos de seu governo, como a entrega de quatro hospitais, e disse que irá agir "como no passado e com força dobrada", prevenindo privatizações: "O 'Rato' (como se refere a Ratinho Júnior) idolatra o [Paulo] Guedes [ministro da Economia], quer privatizar tudo: saúde, polícia e educação".
Gomyde criticou a demora nos atendimentos dos hospitais públicos e destacou as filas para cirurgias: "[Precisamos] Fazer com que ande a fila da cirurgia eletiva. As pessoas morrem na fila de espera. É urgente que a descentralização seja feita".
PEDÁGIO
Durante a pauta do pedágio, houve divergências entre Requião e Gomyde, que foi presidente do Paraná Esporte durante o governo do petista. Gomyde lembrou que "governos passados" prometeram pedágios gratuitos no Paraná - uma promessa de Requião na primeira década dos anos 2000 - e não cumpriram. Requião culpou os adversários políticos que, segundo ele, barraram seu projeto.
O candidato petista voltou a bradar pelo pedágio gratuito - sua promessa não cumprida - enquanto seu adversário defendeu uma diminuição dos valores: "Acho pedágio uma garantia. Eu defendo. Mas o valor tem de ser justo pra não prejudicar o paranaense. Se não ficarmos atentos, seremos roubados pela 'pedageria'. No meu governo, o pedágio não custará mais que R$ 5 reais", prometeu Gomyde.
Angela, do PSOL, também defendeu o fim dos pedágios.
SEGURANÇA HÍDRICA
Gomyde expôs que a situação hídrica do Paraná está indo de alerta amarelo para alerta vermelho e falou em trazer um projeto para assegurar água para todos: "Vamos trazer para o governo o projeto Cultivando Água Boa. Quando falta água numa casa, a qualidade de vida vai embora".
Angela defendeu cobrar que as indústrias realizem a reciclagem das águas: "Não basta construir represa. Precisamos fazer reuso e reciclagem da água".
O ex-governador Requião apontou feitos durante seu governo e a pontuou a importância da responsabilidade das indústrias no gasto de água.
CRÍTICAS A RATINHO
A ausência do candidato à reeleição Ratinho Júnior foi um dos pontos abordados pelos três candidatos presentes no debate. O pessedista lidera as intenções de votos nas pesquisas eleitorais e tem chances de chegar ao segundo mandato ainda no primeiro turno.
Requião chamou Ratinho Júnior de covarde. "Não comparece para ver o que a população pensa de seu governo".
Gomyde disse que "é um crime" os candidatos faltarem aos debates: "Quando fica no gabinete, você não vê o que acontece. Perdemos todos com a falta [do candidato]".
Professora Angela também criticou a ausência. "O Ratinho não está aqui porque não tem projeto nem governo".
COPEL E SANEPAR
Todos os candidatos defenderam a restatização da Sanepar e da Copel, ambas empresas de economia mista, alegando que os serviços de saneamento básico e de energia devem ser controlados pelo Estado para bem atender aos consumidores.
Requião recordou ter congelado a tarifa do Paraná por oito anos, além de construir três usinas elétricas: "O pessoal do 'Rato' diz que a Copel responde aos acionistas. Na primeira semana [de governo], eu coloco todos os diretores e o presidente da Sanepar na rua", ameaçou.
Já professora Angela disse que pretende recomprar as ações até que elas fiquem inviáveis aos acionistas: "Vamos recomprar essas ações. A Copel é para servir o povo e não os investidores".
Para Gomyde, é importante o Estado manter o controle de serviços essenciais, mas disse não ser a favor de que tudo seja estatal: "Não sou daqueles que acham que tudo precisa ser estatal. As privatizações de companhias essenciais são criminosas. No entanto, quando se faz uma privatização bem feita, é preciso que tenha interesse público e popular em vista".
DEPOIS DO DEBATE
Procurado pela reportagem após o debate, Requião reclamou das cronometragens e acusou Gomyde de fazer campanha para Ratinho Jr: "Foi um bom debate, mas o tempo prejudicou".
Gomyde pontuou que Requião não respeitou o tempo pré-determinado pela organização, mas fez elogios ao evento : "Foi muito qualificado, com tempo razoável para explicar os programas de governo".
Professora Angela classificou o debate como essencial: "De extrema importância para a democracia".
O mediador e jornalista Fábio Silveira também relembrou a importância do debate para a população conhecer propostas dos candidatos e decidir os votos. "É um momento privilegiado para que os cidadãos tenham acesso àqueles que estão se candidatando aos cargos públicos".
*Sob supervisão de Luís Fernando Wiltemburg