Se valendo da sua influência matrimonial, Elizabeth, a esposa do gerente histórico da Companhia de Terras Norte do Paraná, Arthur Thomas (1889-1960), tinha uma especialidade raríssima. Ela gostava de sugerir nomes para os núcleos urbanos que despontavam no então sertão do Estado na primeira metade do século passado.
A mais famosa delas é Maringá, o nome da canção do compositor mineiro Joubert de Carvalho (1900-1977), cantarolada pelos trabalhadores que derrubavam a mata que deu lugar à terceira maior cidade paranaense.
A mesma Elizabeth também deu nome a outro município protagonista da região, Arapongas, o 18º mais populoso do Estado.
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Segundo a versão oficial, ao ouvir o apavorante ruído emitido por um pássaro na floresta, certamente na copa de uma árvore muito alta, aquele som que os ornitólogos comparam ao barulho da fricção de uma lima ou de algo semelhante a um martelo batendo em uma bigorna, ela teria perguntado do que se tratava. “É uma araponga”, responderam.
Diante da informação, ela sugeriu que aquele lugar fosse denominado com o nome do pássaro. Como já havia uma antiga localidade mineira nas montanhas da Zona da Mata com o mesmo nome, foi adotado o plural para evitar confusões.
De algum modo, surgia ali a relação daquele lugar com os nomes dos pássaros. Outro verbete de relevo na história da Companhia, o engenheiro agrimensor Alexandre Rasgulaeff, autor dos desenhos urbanos da colonização, sugeriu que as ruas fossem nomeadas com pássaros da fauna brasileira e assim uma tradição foi construída, embora a partir dali passasse a ser constantemente ameaçada pelos impulsos reformistas dos governantes de plantão.
ENDEREÇOS INSTÁVEIS
Na verdade, o critério rígido que garantiu a nomenclatura exclusiva dos pássaros surgiu há 60 anos, pondo fim a uma instabilidade sobre o tema no início da história do município, criado em outubro de 1947.
O personagem central da união entre os pássaros e uma das mais bem sucedidas cidades norte-paranaenses atende pelo nome de José Colombino Grassano, um mineiro de Itamogi, na Alta Mogiana, que foi o terceiro prefeito do município.
No seu primeiro mandato, entre dezembro de 1955 e janeiro de 1959, ele começou a buscar uma solução estável para as constantes mudanças de nome das ruas, fato que marcou a primeira década de emancipação.
Isso porque a partir do governo de Julio Junqueira, o primeiro prefeito eleito, a ideia original de Resgulaeff de priorizar os passarinhos passou a sucumbir.
As mudanças ocorriam no atacado. Em apenas uma canetada, 42 logradouros foram rebatizados. Mas foi por pouco tempo. Uma outra lei invalidou as alterações e resgatou os nomes originais, embora muitos deles não seguissem a tradição iniciada pelos colonizadores.
Grassano percebeu que, sem rigidez, a simpática peculiaridade - que poderia ajudar na divulgação de Arapongas - voaria com a rapidez de um falcão peregrino. Ainda no primeiro ano de mandato, baixou um decreto que proibia a mudança das ruas que já eram nomeadas com espécies de pássaros.
Leia a reportagem completa na FOLHA DE LONDRINA:
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