Segundo dados divulgados pelo IBGE, para cada 100 jovens, há 25 idosos no Brasil. O número de brasileiros maiores de 60 anos é de cerca de 17,6 milhões, o que significa dizer que 9,7% da população brasileira é composta por pessoas da terceira idade. O País está na lista dos 10 países com maior população de pessoas idosas em termos absolutos do mundo.
Mesmo diante de números tão significativos, o envelhecimento ainda deixa as pessoas perplexas. Sabemos muito pouco sobre os mecanismos que tornam nossas células mais propensas às doenças degenerativas, ao câncer e à morte. Gostaríamos de viver mais tempo, mas primordialmente, gostaríamos de ter uma vida produtiva e saudável. O fascínio da longevidade tem feito estudiosos e cientistas mergulharem nos mistérios do envelhecimento.
Há cerca de 100 anos, o fato de que animais com maior taxa metabólica viviam menos, já despertava a atenção dos pesquisadores, fazendo-os crer que o metabolismo celular pudesse acelerar o processo de envelhecimento. Nos anos 50, a primeira teoria sobre o envelhecimento foi formulada e se baseou na hipótese de que o metabolismo celular, gerado a partir 'da respiração das células' daria origem aos famosos radicais livres. Esses nada mais são do que os frutos da reação do oxigênio dentro das células. Parece confuso, mas na verdade, esta é apenas uma teoria dentre muitas outras sobre o envelhecimento.
Foi partindo do princípio de que o metabolismo celular geraria radicais livres e que esses elementos se acumulariam nas células, levando ao seu envelhecimento, que a ciência passou a estudar os processos que poderiam reduzir o metabolismo celular, para conseqüentemente reduzir a formação de radicais livres e prolongar a vida. Dentre os mecanismos mais estudados pela medicina está a redução da ingestão calórica. Sim, comer menos causa um efeito compensatório ao nosso corpo, que reduz o seu metabolismo e, dessa forma, produz menos radicais livres.
Esta teoria não preconiza atitudes extremistas, não ensina a reduzir drasticamente calorias e nutrientes, não pretende deixar ninguém desnutrido. Até porque também é bom lembrar que os extremos de magreza também estão relacionados à maior incidência de doenças crônicas, ao câncer e ao aumento da mortalidade por essas causas. A teoria da menor ingestão de calorias tenta elucidar e explicar o porquê do envelhecimento. É um ponto de partida para começar a entender a vida e as possibilidades de preservá-la.
Comer pouco parece benéfico, mas comer muito, já não temos dúvida, é maléfico. O sobrepeso e a obesidade são problemas sérios e estão associados às alterações na insulina, nas gorduras do sangue, no aparecimento da artereosclerose e do câncer. As evidências de que a obesidade está relacionada com a aceleração do envelhecimento e a redução da expectativa de vida das pessoas já são certezas científicas.
*Por Ellen Simone de Paiva, médica Endocrinologista e nutróloga, diretora clínica do Citen - Centro Integrado de Terapia Nutricional.