Muita gente tem a Síndrome da Fome Noturna, e, muitas vezes nem tem ideia disso. As pessoas que possuem esta Síndrome, geralmente, não comem adequadamente durante o dia e por isso, sentem uma fome absurda durante a noite. Dá aquela vontade de comer o resto da pizza do jantar, e até mesmo beber um copão de refrigerante. Pode parecer normal, mas quando em excesso toda esta fome representa um problema.
A Síndrome da fome noturna foi descrita na década de 50 e, de acordo com os autores que a relataram pela primeira vez, as suas principais características são o excesso de fome noturna - a hiperfagia, - que leva a um consumo alto de calorias neste período, a ausência de fome pela manhã, normalmente com pouca ingestão ou jejum, e os problemas de sono, principalmente a dificuldade para começar a dormir.
A endocrinologista, Claudia Chang, colunista do portal Minha Vida, Saúde, Alimentação e Bem-Estar, diz que acredita-se que a Síndrome da Fome Noturna atinge até 25% da população que apresenta aumento de peso. Ela é muito mais comum do que se imagina. Ainda não estão claros quais são os fatores que a desencadeiam, mas tudo indica que há um desequilíbrio em alguns fatores de regulação neuroendócrina relacionados ao ritmo circadiano.
"O ritmo circadiano nada mais é que o equilíbrio que ocorre no nosso organismo durante a noite e o dia, ou durante o sono e a vigília e todos os ajustes que se fazem necessários em nosso corpo para que isto ocorra. E justamente aí esta o problema: um descompasso entre a melatonina, os clock genes e a serotonina fazem com que as pessoas com a Síndrome da fome noturna acabem tendo fome à noite, perda do apetite de dia e problemas com o sono", explica Claudia Chang.
O principal problema da Síndrome da fome noturna está relacionado ao aumento de peso e suas consequências, que fazem parte do que chamamos de Síndrome metabólica. Segundo a especialista, curiosamente, essas pessoas preferem alimentos muito calóricos, ricos em gorduras e com baixo índice de fibras. Os cientistas acham que estes tipos de alimentos, como os chocolates, conseguiriam ativar de maneira mais eficaz os centros do prazer no cérebro, por isto a preferência.
Pelo fato destas pessoas preferirem alimentos muito calóricos, há o aumento de peso, e, com ele, vem as consequências, como pressão alta, diabetes e alteração de colesterol, que fazem parte da Síndrome Metabólica, a maior causa de mortalidade em todo o mundo. Pessoas que trabalham em turnos alternados têm padrões diferentes de sono durante as 24 horas por causa das mudanças na sincronização dos seus ritmos corporais com o ciclo de claro e escuro. Estas alterações já foram associadas aos distúrbios metabólicos.
Por isso, em estudos foi observado que a obesidade era mais comum nas pessoas que trabalhavam no período da noite, em comparação com pessoas que só trabalhavam na parte do dia. Além disto, esses trabalhadores apresentavam aumento de gordura no sangue (triglicérides) e diminuição do colesterol bom. Em outros estudos, foi mostrado que pessoas que trabalham de noite também apresentam aumento de açúcar e colesterol no sangue, pressão arterial alta, circunferência abdominal exagerada e Índice de Massa Corporal (IMC) elevado.
"Embora tanto homens quanto mulheres possam ser ter a Síndrome, alguns estudos demonstram uma frequência discretamente maior em homens. A maior predisposição à síndrome também está associada a distúrbios do humor (normalmente quadros de depressão e ansiedade) e em pessoas que já apresentam fatores que interferem no ritmo circadiano, como, por exemplo, os trabalhadores noturnos (seguranças, profissionais de saúde, bombeiros, policiais, etc.)", ressalta.
A Síndrome Noturna pode ser tratada de duas formas, segundo a endocrinologista: a primeira opção é o tratamento comportamental com psicoterapia e mudanças de hábitos de vida; a segunda, em alguns casos, inclui o uso de medicação.
Confira dicas que podem ajudar a tratar o problema:
(Fonte: Minha Vida)