Uma cirurgia para implantar um marcapasso sem fio será feita na Hemodinâmica do Hospital Araucária, nesta quinta-feira, em Londrina, sendo a primeira do Paraná. A tecnologia é uma revolução no tratamento que só foi feito em menos de dez pacientes brasileiros, até o momento.
Os marcapassos convencionais estão há mais de seis décadas salvando vidas, mas não são indicados para todo tipo de paciente. A nova tecnologia vai continuar estimulando o coração a bater em ritmo normal e não vai descartar a convencional, mas dar esperança a quem não tinha, sendo para pacientes críticos, que tem outras complicações de saúde além das cardíacas, como trombose, doenças renais e câncer.
O sistema convencional conhecido até o momento é implantado embaixo da pele e utiliza uma bateria de lítio e eletrodos. Os fios dos equipamentos são bem maleáveis e finos e se conectam ao coração por meio de uma veia de grande calibre, como a chamada subclávia, na região da clavícula, é por onde envia as descargas elétricas até o coração. A bateria fica entre o músculo do peito e a pele do paciente.
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“Para alguns pacientes este tipo de marcapasso convencional é inviável, porque não podem utilizar a veia devido trombose, má formação, ou hemodiálise - onde o acesso venoso é utilizado para o cateter, o que gera um conflito e um elevado risco de infecção. A nova tecnologia atende um grupo específico de pacientes que tem problemas com esse acesso vascular” – diz o cardiologista Gustavo Galli, que será o médico responsável pelo procedimento em Londrina.
A nova tecnologia não conta com eletrodos, é implantada diretamente no coração do paciente por meio de um cateter inserido na virilha, e não tem cortes nem cicatrizes no tórax. Ele tem a mesma indicação dos convencionais, para pacientes com o batimento cardíaco lento, com “falhas” do batimento ou risco de parada cardíaca, mas com a vantagem de reduzir o risco de infecções. Por isso, o marcapasso vem sanar casos especiais para aqueles que têm impeditivo de colocar fios, e seguir com o tratamento tradicional.
O menor do mundo
O modelo Micra, desenvolvido pela multinacional Medtronic, tem o
tamanho de uma cápsula, com apenas 20 milímetros de tamanho e dois
miligramas de peso. Como não tem eletrodos, é fixado diretamente no
músculo do coração por meio de duas garras, que se instalam e se mantêm
no músculo cardíaco, em pleno funcionamento, por uma média de oito a 12
anos.
“Utilizamos a veia femoral, na virilha do paciente, e levamos o marcapasso até o coração. A internação é de um dia e a recuperação no pós-cirúrgico é mais rápida, em 5 dias o paciente está apto a voltar a sua rotina” – lembra o médico.
No
Brasil nem dez pacientes receberam o equipamento. Ele ainda não é
fornecido pelo SUS (Sistema Único de Saúde) e nem foi incorporado pela ANS (Agência Nacional de Saúde
Suplementar). Segundo Dr. Galli, alguns planos estão liberando para
casos específicos, e a nova tecnologia não vai substituir os
marcapassos atuais, mas ampliar o atendimento a quem não tinha.
“Esta é uma alternativa importante para casos específicos, como a dos pacientes que fazem hemodiálise, especialmente os que não têm veias adequadas para fazer o implante convencional com eletrodos, ou quando os pacientes apresentam alto risco de infecção”, explica.
Doenças cardíacas
Hoje, segundo a SBC (Sociedade Brasileira de Cardiologia) as doenças cardiovasculares representam 30% das mortes e muitas poderiam ser evitadas. “O marcapasso ajudaria a evitar muitos óbitos, é a principal indicação médica para o que chamamos de “coração lento”, que precisam de estímulos elétricos, afirma.
O envelhecimento e outras
doenças podem alterar os batimanentos cardíacos, sendo que qualquer
diminuição ou irregularidade neste ritmo pode colocar a vida de uma
pessoa em risco. Chamada de bradicardia, essa condição sobrecarrega o
coração, fazendo com que ele perca a capacidade de bombear o sangue rico
em oxigênio necessário para o bom funcionamento do organismo.
Como vem associada à tontura, desmaios, falta de ar e energia, a bradicardia debilita o paciente e lhe tira qualidade de vida. Alguns casos podem ser tratados com medicação, mas outros requerem a necessidade de uso de um marca-passo, estabilizando assim a frequência cadíaca.