A Secretaria de Estado da Saúde celebra nesta segunda-feira (25) o Dia Nacional do Doador de Sangue ressaltando a importância deste ato de amor e solidariedade.
O Hemepar é o órgão responsável no Paraná pela coleta, armazenamento, processamento, transfusão e distribuição de sangue para 385 hospitais públicos, privados e filantrópicos, além de atender 92,8% de leitos SUS no Estado.
"O sangue é a vida que corre nas veias dele”, assim que Clarice Raimunde se refere às transfusões que seu filho Marcos Daniel de Quadros (Marquinhos) de apenas cinco anos, recebe regularmente no Hemepar - Centro de Hematologia e Hemoterapia do Paraná.
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Há um ano e três meses, Marquinhos trata a Talassemia Major (doença que impede a produção de hemácias – responsáveis por carregar o oxigênio para as células) através de transfusões de sangue no ambulatório do Hemepar Curitiba. Somente em 2018,
Marquinhos recebeu 11 bolsas com concentrado de hemácias e em 2019, de janeiro a novembro, mais 16. Esse tratamento só foi possível graças a, no mínimo, 27 doações de sangue.
Sabrina da Silva, 20 anos, possui falciforme (doença que faz com que os glóbulos vermelhos fiquem deformados e quebrem), e também faz tratamento na rede. "Os médicos estimaram cinco anos de vida para minha filha, e graças à existência do tratamento e possibilidade de transfusões de sangue mensais, ela está viva hoje. É preciso entender que tem gente que precisa desse sangue, e isso é muito importante, salva a vida de uma pessoa”, disse Sofia Augusta da Silva, mãe de Sabrina.
A Talassemia e a Falciforme são duas doenças pelas quais, em média, 240 pessoas precisam receber transfusões de sangue, todos em meses, na Hemorrede. "Nós mães que estamos nessa lida e correria constante com eles sabemos o quanto é importante a doação. Se não houvesse doações e a possibilidade de transfusões de sangue, meu filho não estaria vivo”, diz Raimunde.
"Não há substituto para o sangue, a única forma de salvar a vida de alguém que precisa é doando. O ideal é que cada cidadão doe pelo menos duas vezes ao ano, pois uma única bolsa de sangue pode salvar pelo menos quatro pessoas”, disse o secretário de Estado da Saúde, Beto Preto.
Segundo ele, para manter um estoque adequado no banco, são necessárias muitas doações. "Existe a necessidade que as pessoas compareçam aos bancos de sangue de uma forma sistemática e regular para que sempre tenhamos em estoque todos os hemocomponentes prontos para uso”, afirmou.
Dados
Na Hemorrede no primeiro semestre de 2018 foram feitas 110.959 entrevistas com doadores, e um total de 91.262 bolsas de sangue coletadas. No primeiro semestre de 2019, 111.215 entrevistas e 91.492 bolsas. Nos meses de julho, agosto, setembro e outubro, em 2018, 53.310 candidatos e 43.295 bolsas e, no mesmo período em 2019, cerca de 50.498 candidatos e 41.135 bolsas coletadas, o que demonstra uma diminuição significativa neste segundo semestre
"Dizemos que a cada doação, o doador pode viabilizar o tratamento de até quatro pessoas, pois o sangue é separado em quatro componentes diferentes e é utilizado para o paciente somente o hemocomponente que ele precisa”, explicou a diretora do Hemepar, Liana Andrade Labres de Souza.
De acordo com ela, doações em massa nem sempre significam efetividade de doações. "É muito importante que os doadores compareçam aos bancos de sangue não só neste período, mas durante o ano todo, porque o sangue tem validade, a plaqueta tem validade de cinco dias, o concentrado de hemácias, 42 dias, e o plasma e o crio podem ser armazenados por até dois anos”.
Danielli Grosso, 38 anos, esteve no Hemepar nesta sexta-feira (22) para doação e falou sobre a importância deste gesto que realiza em média três vezes ao ano, há mais de 15 anos. "A importância é mantermos o banco sempre abastecido. Eu acredito que as pessoas têm que colocar doação de sangue na sua rotina, assim como programamos de ir ao médico e ao dentista regularmente, devemos nos programar para doar sangue”.
Um primo da doadora teve leucemia aos 17 anos e precisava constantemente de doações. O incentivo a este ato de amor também veio de seu pai, que é bombeiro e, por ser militar, possui o hábito de doar. "Não temos ideia de quantas pessoas podemos ajudar e quantas pessoas necessitam dessa doação. Não são só os acidentados ou as pessoas em tratamento de câncer, tem pessoas que tem deficiência na produção de plaquetas e que dependem dessas doações regulares para ter seu tratamento atendido”, afirmou.
Investimentos
Neste ano, o Governo do Estado já investiu cerca de R$ 2,267 milhões em equipamentos e pesquisas em toda a Hemorrede, além de um pouco mais de R$ 550 mil em recursos federais. Ainda em 2019 estão previstos mais de R$ 1,2 milhão entre recursos estaduais e federais para inovação e tecnologia, além de melhorias visando à segurança transfusional dos pacientes e doadores.
Rede
A Hemorrede, como é chamada a rede do Hemepar, é uma instituição referência no Paraná em hemoterapia e hematologia e possui 23 unidades, sendo: um Hemocentro Coordenador, quatro Hemocentros Regionais, uma Agência Transfusional, nove Hemonúcleos e oito unidades de coleta e transfusão.
Para ser doador
Estar em boas condições de saúde; ter entre 16 e 67 anos (menores de idade com autorização e presença do responsável legal); pesar no mínimo 51 quilos; estar descansado e alimentado (evitar alimentação gordurosa nas quatro horas que antecedem a doação); apresentar documento oficial com foto (Carteira de Identidade, Carteira do Conselho Profissional, Carteira de Trabalho, Passaporte ou Carteira Nacional de Habilitação).
Homens podem doar sangue a cada 60 dias e no período de 12 meses até quatro doações e mulheres em um intervalo de 90 dias e no período de 12 meses até três doações.
Impedimentos temporários
Gripe ou resfriado: aguardar sete dias após a cura; diarreia: aguardar sete dias após a cura; durante a gravidez: 90 dias após parto normal e 180 dias após cesariana; amamentação (se o parto ocorreu há menos de 12 meses); ingestão de bebida alcoólica nas 12 horas que antecedem a doação; tatuagem nos últimos 12 meses; piercing nos últimos 12 meses (piercing genital e oral 12 meses após a retirada); tratamento dentário: período varia de 1 a 7 dias; situações nas quais houve maior risco de adquirir doenças sexualmente transmissíveis (aguardar 12 meses) e outras situações a serem avaliadas.
Impedimentos definitivos
Hepatite viral após os 10 anos de idade; diabetes insulinodependente; epilepsia ou convulsão; hanseníase; doença renal crônica; antecedentes de neoplasias (câncer); antecedentes de acidente vascular cerebral (derrame); evidência clínica ou laboratorial das seguintes doenças transmissíveis pelo sangue: hepatites B e C, Aids (Vírus HIV), doenças associadas ao HTLV I/II e doença de chagas.