O Dia Nacional de Combate e Prevenção à Trombose, lembrado em 16 de setembro, foi instituído pela Lei nº 12.629/2012 com o intuito de criar estratégias que garantam prevenir, diagnosticar e tratar a condição.
E é bem provável que você já deva ter ouvido falar sobre casos envolvendo trombose e cirurgia. Mas qual é a relação entre a doença e procedimentos cirúrgicos? Há fatores de risco? O que fazer para evitar?
Conforme Luís Maatz, cirurgião plástico, especialista em Cirurgia Geral e Cirurgia Plástica pelo HC-FMUSP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo), e membro da SBCP (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica), em toda cirurgia há risco de trombose venosa, também conhecida como TVP (Trombose Venosa Profunda).
Leia mais:
Pesquisa aponta que 29% dos brasileiros têm algum medo com relação às vacinas
Uma a cada dez mortes no Brasil pode ser atribuída ao consumo de ultraprocessados, diz Fiocruz
Estados brasileiros registram falta ou abastecimento irregular de, ao menos, 12 tipos de vacinas
Saúde do homem é tema de live com médicos londrinenses em novembro
Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, a formação da TVP é mais comum na região das pernas ou na área pélvica, correspondendo a 80-95% dos casos.
“Ela é caracterizada pela formação de coágulos ou trombos dentro dos vasos sanguíneos, comprometendo o fluxo de sangue. Quando estes coágulos se desprendem das veias podem atingir órgãos vitais, em particular, os pulmões, causando o TEP (tromboembolismo pulmonar), podendo gerar complicações potencialmente graves”.
Fatores de risco
De acordo com o médico, o risco de trombose é mais comum no período pós-cirúrgico, quando o paciente necessita de repouso, fica com a mobilização reduzida e, consequentemente, tem sua circulação sanguínea diminuída.
“Entretanto, a chance é maior quando há fatores de risco como uso de pílula anticoncepcional, histórico familiar, tabagismo, obesidade, sedentarismo, doenças genéticas ou autoimunes, que alteram a coagulação sanguínea, entre outras condições”, completa Maatz.
Prevenção
A primeira consulta é fundamental para que o médico faça uma triagem completa, obtendo todas as informações necessárias sobre o paciente, incluindo histórico de saúde, histórico familiar, hábitos de vida, doenças pré-existentes, cirurgias anteriores, uso de medicamentos, entre outras questões.
“A cirurgia plástica não é indicada para pessoas que estão muito acima do peso ideal, com problemas cardiorrespiratórios sem controle adequado ou com algumas pré-disposições individuais. Daí a importância de fazer todos os exames pré-operatórios, que incluem exames de sangue e cardiológicos. Além disso, ela deve ser realizada em um hospital adequado, com toda infraestrutura necessária para atender a algum eventual problema durante ou após a cirurgia”, pontua Maatz.
Como notar um possível quadro de trombose no pós-operatório
O maior risco de trombose ocorre nas primeiras 48 horas após a cirurgia. Entretanto, é fundamental ficar em alerta por mais 15 a 20 dias, período em que ainda pode surgir a trombose.
“Fique atento se notar inchaço ou dor na panturrilha; pele quente, avermelhada ou enrijecimento das pernas. Caso identifique os sintomas, dirija-se a um pronto-socorro e comunique seu cirurgião imediatamente”, orienta.
Regras para minimizar o risco de trombose
Primeiramente, certifique-se que o cirurgião segue o protocolo de prevenção de TVP/TEP. Na maioria das cirurgias plásticas, exceto os procedimentos de pequeno porte e sem restrição da deambulação pós-operatória, há necessidade de algum tipo de intervenção para evitar a trombose.
“Verifique com seu cirurgião se o hospital disponibiliza aparelho compressor pneumático intermitente, para massagear as pernas, e se você deverá fazer uso de medicações anticoagulantes”.
Mantenha as pernas elevadas e massageadas
Coloque travesseiros ou almofadas embaixo das pernas e dos pés, de modo que fiquem em uma altura pouco acima do corpo. Várias vezes ao dia, faça movimentos com os pés, como se estivesse pressionando e soltando o acelerador do carro.
Além disso, peça para alguém massagear suas pernas. “Essas técnicas evitam que o sangue fique estagnado nas pernas e circule melhor, o que diminui o risco da trombose”, diz Maatz.
Não fique o tempo todo parado
O repouso pós-operatório é necessário para a recuperação mais rápida e uma melhor cicatrização. No entanto, o paciente não deve permanecer o tempo todo imóvel.
“Pequenas caminhadas dentro de casa, ao longo do dia, são importantes para evitar a formação de coágulos, além de favorecerem o funcionamento intestinal. Na primeira semana após a cirurgia, é fundamental fazer essas caminhadas, com alguém supervisionando ou auxiliando”.
Faça uso das meias de compressão continuamente
Quando tiver alta e voltar para casa, siga as orientações médicas à risca, o que inclui o uso de meias de compressão para estimular a circulação.
“Nos primeiros 10 ou 14 dias após a cirurgia, é fundamental fazer uso contínuo das meias antitrombo. Se achar necessário, compre duas, caso sujem. O importante é mantê-las o tempo todo nas pernas e só retirar quando for tomar banho”.
Tome as medicações prescritas com responsabilidade
“Após uma cirurgia plástica, é de praxe a prescrição de analgésicos e anti-inflamatórios para dor e antibióticos para evitar infecções. Se for necessário, o cirurgião pode prescrever também anticoagulantes, que impedem a formação de coágulos no sangue”, reforça Maatz.