Pesquisar

Canais

Serviços

Publicidade
Publicidade
Publicidade
Entenda o dado

Seguindo padrão atual de imunização, vacina para Covid-19 pode não funcionar no Brasil

Estêvão Gamba e Sabine Righetti - Folhapress
09 set 2020 às 10:09
- Reprodução/Jcomp/Freepik
siga o Bonde no Google News!
Publicidade
Publicidade

A esperada vacina para Covid-19 pode não ter resultado no Brasil se o país seguir as tendências atuais de imunização, com aumento do abandono entre doses e perda da cobertura vacinal observada nos últimos anos.


Para se ter uma ideia, a chamada "taxa de abandono" de vacinas no Brasil cresceu 47,6% nos últimos cinco anos. Passou de 15,8% em 2015 para 23,4% no ano passado.

Cadastre-se em nossa newsletter

Publicidade
Publicidade


Isso significa que cada vez mais gente inicia um esquema vacinal no país, mas não finaliza o processo com todas as doses necessárias, algo que pode impactar a proteção contra uma determinada doença. Os dados são do Sistema Nacional de Imunização da base Datasus.

Leia mais:

Imagem de destaque
Vivência do mountain bike

Alvo Bike terá palestra sobre alinhamento do corpo e da mente no ciclismo

Imagem de destaque
Comportamento de apatia

Síndrome do Tédio também afeta saúde mental no ambiente de trabalho

Imagem de destaque
Mulheres são mais afetadas

Câmara aprova inclusão de políticas públicas para Burnout no SUS; especialistas comentam

Imagem de destaque
Caso Iza

Entenda os impactos emocionais e a importância do suporte psicológico para gestantes


As taxas de abandono são calculadas no Brasil para nove vacinas, como a meningocócica C (com duas doses), a tríplice viral (contra sarampo, rubéola, caxumba; também com duas doses) e a poliomielite (com três doses).

Publicidade


A título de exemplo, entram nas estatísticas de abandono as crianças que tomarem, por exemplo, a dose inicial da hepatite B logo após o nascimento, ainda na maternidade, mas não tomarem pelo menos uma das duas doses seguintes, que devem ser ministradas, respectivamente, com um mês e aos seis meses de vida.


Não entra no cálculo de abandono a vacinação contra gripe, que deve ser feita anualmente por pessoas com mais de sessenta anos. Nesse caso, é com se cada dose fosse independente da outra.

Publicidade


Em algumas regiões do país, a desistência entre doses vacinais é ainda mais preocupante. Em Goiás, o abandono cresceu 99,2% de 2015 para 2019. No Distrito Federal, o aumento de quem larga o esquema vacinal chegou a 69,2% no mesmo período.


O crescimento da taxa de abandono entre doses de imunização tem preocupado cientistas no contexto da pandemia de Covid-19. Das 33 vacinas para a doença causada pelo novo coronavírus em testes clínicos no mundo, 29 exigem pelo menos duas doses de imunização.

Publicidade


Esse é o caso da vacina da farmacêutica chinesa Sinovac, que está sendo testada e produzida pelo Instituto Butantan, em São Paulo, e que prevê duas doses na imunização.


Mesma coisa acontece com a Sputnik V, do Instituto Gamaleia, da Rússia, que tem acordo para produção anunciado com o governo do Paraná, e com a vacina da Universidade de Oxford e do laboratório AstraZeneca, que está em testes no Brasil. Ambas demandam duas doses cada.

Publicidade


Além disso, há expectativa de que a imunização contra Covid-19 tenha de ser reaplicada periodicamente. Há casos de pessoas que se contaminaram duas vezes pelo novo coronavírus em menos de seis meses.


"Ainda não sabemos o nível de proteção das vacinas e nem por quanto tempo essa proteção vai durar", diz a epidemiologista Denise Garrett, vice-presidente do Sabin Vaccine Institute, um dos principais defensores da expansão, acesso e elevação das vacinas em todo o mundo.

Publicidade


Na prática, uma vacina que tem mais de uma dose e que demanda reaplicação sistemática precisaria de uma campanha significativa de engajamento da população para dar certo –o que não tem acontecido no Brasil.


O tema da vacinação no país entrou em pauta depois de que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) declarou, no dia 31 de agosto, que "ninguém pode obrigar ninguém a tomar vacina". A afirmação foi reforçada nas redes sociais da Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência.

Publicidade


A frase preocupou especialistas em saúde pública, que afirmam que o país deveria estar preparando a população - e a infraestrutura dos SUS - para uma possível vacina contra o novo coronavírus nos próximos meses.


Além da alta taxa de abandono entre doses, os números do Sistema Nacional de Imunização também mostram queda do total de população-alvo imunizada no país. Esses dados consideram a quantidade de gente que deveria ser vacinada em uma determinada faixa etária em relação à taxa de pessoas que foram imunizadas.


Em 2019, 71,9% da população-alvo foi imunizada considerando todas as vacinas do calendário do SUS (inclusive as infantis). A taxa está abaixo da média dos últimos vinte anos, que corresponde a 76% da população-alvo imunizada.


Com exceção de 2016, que teve uma queda acentuada de imunização (com apenas 50,4% da população-alvo vacinada), o índice de vacinação de 2019 é o pior desde 2000.

No Brasil, cientistas estimam que mais de dois terços da população do país teria de ser imunizada contra Covid-19 - com todas as doses- para se alcançar uma diminuição significativa da transmissão da doença. Se o padrão atual de imunização e de abandono de percurso for mantido, há risco de que isso não aconteça.


Publicidade

Últimas notícias

Publicidade