O Ministério da Saúde lançou nesta quarta-feira (27) a campanha "Cuidar bem da saúde de cada um. Faz bem para todos. Faz bem para o Brasil", com foco na saúde integral, atendimento humanizado e respeito para as travestis, mulheres transexuais e homens trans.
O objetivo é informar e conscientizar toda a sociedade, bem como profissionais de saúde, trabalhadores e gestores do Sistema Único de Saúde (SUS) sobre garantias ao atendimento considerando as especificidades de saúde dessa população.
"A ampliação do acesso das travestis, das mulheres transexuais e dos homens trans aos serviços de saúde passa pelo respeito ao nome social e pelo enfrentamento à discriminação por identidade de gênero, construída a partir de como a pessoa se reconhece ou se apresenta. Hoje temos relatos de preconceito e discriminação. Por isso, temos a obrigação de abordar o tema", disse no evento a secretária de Gestão Estratégica e Participativa do Ministério da Saúde, Lenir Santos.
A campanha foi desenvolvida em parceria com o Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos e faz alusão ao Dia da Visibilidade Trans, comemorado em 29 de janeiro. Serão distribuídas 200 mil cartilhas e 100 mil cartazes para unidades de saúde, secretarias estaduais, conselhos de saúde, Comitês de Saúde LGBT e para os serviços de assistência social e direitos humanos que atendem a essa população nos estados. Também serão veiculadas nas redes sociais mensagens e vídeos de sensibilização e informações sobre as necessidades de saúde e os direitos das travestis, das mulheres transexuais e dos homens trans.
O secretário Especial de Direitos Humanos do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos, Rogério Sottili, lembrou a importância de uma campanha de promoção da saúde desta população para que se possa, cada vez mais, respeitar as diferenças. "Muitas vezes, não conseguimos conceber os diferentes em nosso país. Especialmente, com a população de travestis, mulheres transexuais e homens trans, nós não conseguimos entender essas pessoas como sujeitos de direito", avaliou.
Cartilha para profissionais
A campanha conta com uma cartilha voltada para trabalhadores do SUS, incluindo não só os profissionais de saúde como também recepcionistas e responsáveis por marcar consultas, com informações sobre a atenção integral à saúde desta população. A cartilha, que terá distribuição de 200 mil exemplares, destaca o direito de todos à saúde com respeito e sem discriminação. Aborda também orientações aos profissionais no acolhimento à população trans - como, por exemplo, que travestis e mulheres transexuais têm indicação de realizar exames para prevenção de próstata e homens trans podem necessitar de atendimento ginecológico.
O material tem como eixos centrais a garantia do acesso aos serviços de saúde dessa população, o direito ao uso do nome social no SUS e aos cuidados à saúde - em especial no que se refere ao processo transexualizador -, e dar subsídio aos trabalhadores e profissionais de saúde para prestar atendimento qualificado, considerando as necessidades específicas desta população.
A diretora do Departamento de Apoio a Gestão Participativa do Ministério da Saúde, Kátia Souto, lembra que o objetivo da campanha é atingir, inclusive, profissionais que estão na porta de entrada das unidades de saúde. "Precisamos dar subsídios aos profissionais de saúde para prestar atendimento qualificado, pois sabemos que nas universidades não temos uma formação com esse foco. Recepcionistas e outros profissionais que estão na porta de entrada, eventualmente, podem impedir o acesso dessas pessoas pelo constrangimento causado, por exemplo, do não uso do nome social. Entendemos que acolhimento é cidadania", ressaltou.