Nos Estados Unidos, dados indicam que 2,7 milhões de pessoas com mais de 40 anos têm glaucoma, mas pelo menos metade delas nem desconfia disso. No Brasil, estima-se haver um milhão de portadores dessa doença que é a segunda maior causa de cegueira no mundo – perdendo apenas para a catarata. O glaucoma é uma doença crônica que causa dano ao nervo óptico, estrutura responsável pela formação das imagens que enxergamos. Se não tratado adequadamente, pode levar à cegueira irreversível. Daí a importância de visitar um oftalmologista regularmente e ter um diagnóstico precoce, podendo evitar desdobramentos que comprometem a qualidade de vida do paciente", diz Janet Serle, oftalmologista do Mount Sinai Hospital, em Nova York.
A médica diz que o nervo óptico é como um fio de telefone que contém um milhão de fibras. Quando elas sofrem danos, a informação é impedida de percorrer adequadamente o trajeto entre o olho e o cérebro. Como esse dano costuma ser lento e progressivo, faz com que, aos poucos, a pessoa desenvolva alguns pontos cegos – que só são percebidos depois de um dano considerável. Quando todo nervo é destruído, ocorre a cegueira.
De acordo com Renato Neves, médico oftalmologista que dirige o Eye Care Hospital de Olhos, em São Paulo, o glaucoma está relacionado com a pressão ocular. "Quanto maior a pressão ocular, maior a chance de lesão do nervo óptico e de perda de visão. Geralmente, isso acontece quando a área de drenagem do olho fica obstruída, acumulando o ‘humor aquoso’, que é uma espécie de líquido transparente produzido no interior do olho. Os sintomas mais comuns, nesses casos, são: vista embaçada, dor de cabeça, dor forte no olho, halos ao redor de pontos luminosos, náuseas e vômitos."
Mas Neves afirma que o primeiro passo na prevenção do glaucoma é conhecer os grupos de risco para o desenvolvimento da doença. Assim, pessoas que se encaixarem na descrição, sabem que não podem deixar de consultar um médico oftalmologista pelo menos uma vez ao ano. São eles: pessoas com mais de 60 anos, de origem afroamericana ou latina, existência de outros casos de glaucoma na família, diabetes, córneas finas, usuários de esteroides, lesões oculares prévias, histórico de anemia aguda. "Todos esses fatores são considerados para decidir se o paciente necessita de um acompanhamento devido à suspeita de glaucoma ou de um tratamento de fato para a doença. Em alguns casos, a doença começa a ser monitorada já a partir dos 20 anos ou antes".
O especialista afirma que as lesões provocadas pelo glaucoma geralmente não são revertidas. Colírios, remédios e cirurgias (tradicional ou a laser) são empregados na prevenção ou ainda para impedir a progressão da doença. "O glaucoma costuma ser controlado fazendo uso regular de um colírio aplicado várias vezes ao dia. Em muitos casos, seu uso é combinado com medicamentos administrados por via oral – principalmente para retardar a produção do humor aquoso e diminuir a pressão intraocular. Como esses medicamentos podem vir a apresentar alguns efeitos colaterais, como dor de cabeça, sonolência e perda de apetite, é sempre importante que os demais especialistas que tratam a saúde do paciente sejam devidamente informados sobre o assunto. Vale ressaltar que o sucesso do tratamento depende em grande medida da disciplina do paciente nos cuidados com a visão".