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Em São Paulo, Covid-19 é mais prevalente em jovens de 18 a 34 anos

Artur Rodrigues - Folhapress
14 ago 2020 às 09:54
- Reprodução/Pixabay
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O índice de infecção pelo novo coronavírus entre os jovens de 18 a 34 anos chegou a 17,7% na cidade de São Paulo, o maior entre todas as faixas etárias, mostra inquérito sorológico realizado pela Prefeitura de São Paulo - aparentemente, uma consequência da reabertura gradual das atividades na cidade.


Segundo a gestão Bruno Covas, o grupo é o que mais tem saído para trabalhar fora de casa, o que influencia no índice de prevalência, uma vez que pessoas que fazem home office têm três vezes menos chance de se infectar.

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Cerca de 1,3 milhão de pessoas já se infectaram com o novo coronavírus na cidade de São Paulo, mostra o estudo feito com base em testes na população. O resultado do levantamento na capital paulista é semelhante ao obtido nas fases anteriores do estudo, o que demonstra estabilidade da pandemia na cidade, diz a gestão municipal.

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"Os números significam estabilidade da doença na cidade de São Paulo. Apesar de dois meses de flexibilização das atividades econômicas, a gente mantém os mesmos índices", afirmou o prefeito Bruno Covas (PSDB).

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A pesquisa mostra também que 42,5% das pessoas que se infectaram relataram não ter apresentado sintomas.


O percentual de prevalência de 17,7% entre jovens, aumentou se comparado com outras fases do estudo. Na fase anterior, foi de 12,6%. Na fase um, de 10%, e na zero, de 8,7%.

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O inquérito conclui que o índice de prevalência é de 10,6% para pessoas na faixa etária de 35 a 49 anos; para aqueles com entre 50 e 64 anos, 7,7%. Já para os que têm mais de 65 anos ela fica em 6,8%.


Além do fator sair para trabalhar, Covas afirmou que contribuem para a maior prevalência entre os jovens a realização de festas irregulares, como pancadões. O estudo menciona ainda a própria flexibilização da quarentena pelo governo do estado.

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"Volta e meia a gente ainda verifica a questão de pancadões, festas irregulares. Claro que tem também a principal faixa etária que tem saído para trabalhar", disse ele, apelando para que esse público tenha responsabilidade. "O que se observa, consolidado nos quatro inquéritos, é a prevalência maior na faixa etária dos jovens entre 18 e 34 anos."


O estudo mostra ainda que a prevalência chegou a 18,7% entre pessoas que têm de trabalhar fora de casa. Enquanto isso, desempregados têm índice de 12,7%, e pessoas que fazem home office 6,2%.

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Estudo recente da Unifesp mostra que os distritos com mais pessoas que usam o transporte público como principal meio de transporte são aqueles com maior número de mortes por Covid-19. Além disso, distritos com maior número de trabalhadores autônomos, que incluem domésticas e ambulantes, também têm maiores taxas de óbitos.


A pesquisa, produzida pelo professor Kazuo Nakano, reforça a percepção de que pessoas mais pobres, que tiveram que continuar se deslocando para trabalhar durante a pandemia, são os mais afetados pela pandemia em São Paulo.

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O infectologista Celso Granato, diretor do Grupo Fleury, cita o estudo e a relação do transporte público como um dos possíveis fatores da prevalência do novo coronavírus em determinadas faixas da população paulistana.


"Se você pegar uma pessoa que mora na periferia, ela tem mais chance de ser pobre, de ter menos escolaridade, e de ter a pele escura. Ela fica muito tempo dentro do ônibus porque mora longe. Vai passar duas horas por dia num local fechado, onde tem a transmissão facilitada", diz. "Quando você olha tudo junto, é óbvio que tem a questão social [a afetar a prevalência]."

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Os resultados do inquérito sorológico da prefeitura, com 96% de confiança, demonstraram demarcação de classe e raça na prevalência do vírus. Conclui, por exemplo, que as classes D e E têm o triplo da chance (14,3%) do que as classes A e B (4,7%) de contrair o vírus. E que, enquanto pretos e pardos têm prevalência de 14,8%, o índice é de 8,1% entre brancos.


Quando se divide o estudo por regiões, as regiões sul e leste são aquelas com maiores índices. Na zona sul, a taxa é de 14,7%. Na área leste, é de 11,5% e na sudeste, de 11,9%. As outras regiões têm índices mais baixos: norte, com 7,9%, e centro-oeste, 4,9%.


Um outro estudo, feito por USP, Unifesp, Ibope e grupo Fleury, constatou que 22% dos moradores dos distritos censitários mais pobres (com renda média igual ou menor a R$ 3.349) têm anticorpos no sangue específicos para o novo coronavírus, o Sars-CoV-2.


Mestre em saúde da família pela Unifesp e médica de família e comunidade, Denize Ornelas afirma que a necessidade levou à maior exposição de determinados grupos sociais. No caso dos jovens, acrescenta-se a isso o fato de desde o começo ter havido divulgação de que são menos afetados.


"Por outro lado, são pessoas que muitas vezes ainda não têm profissão consolidada. Jovens que estão desempregados e vão precisar sair para o trabalho informal, pessoas que algumas vezes não concluíram o ensino superior, têm menor renda", afirma.


O ensino superior, diz ela, é um marcador que demonstra melhores condições de trabalho e, assim, menor exposição ao vírus. "Em nenhum momento o Estado brasileiro, seja em qualquer um dos entes, produziu políticas específicas que olhassem para essa iniquidade e produzissem soluções", afirma Ornelas.


Para a professora da Unicamp e membro da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia) Raquel Stucchi, a desigualdade na forma como a doença afeta a população deve ser intensificada com a reabertura da economia.

"As pessoas de classe A e B ainda estão em home office ou indo pontualmente para o trabalho. Já as outras pessoas, não. Elas vão usar mais transporte público e se expor mais", afirma a pesquisadora.


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