A Organização Mundial da Saúde (OMS) acredita que o aleitamento materno é a maneira ideal para fornecer às crianças os nutrientes que necessitam para um desenvolvimento saudável. Por isso, é considerado um dos melhores investimentos para salvar vidas e melhorar a saúde e o desenvolvimento social e econômico de indivíduos e nações.
Além dos benefícios orgânicos, como a transmissão de anticorpos da mãe para o bebê, a amamentação pode evitar problemas fonoaudiológicos, de respiração, audição, deglutição e psicomotoras.
"A sustentação da cabeça, que a criança acaba fazendo naturalmente na hora de mamar, é o que vai ajudar a promover o equilíbrio e sustentação para sentar, engatinhar e andar. Além disso, os vínculos estabelecidos com a mãe durante essa fase de aleitamento as deixam mais autoconfiantes para se desenvolverem no período escolar", afirma a fonoaudióloga Ana Lúcia Duran, da clínica Zambotti e Duran.
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Na questão auditiva, as mamadas estimulam o canal do ouvido e, assim, ajudam a evitar as infecções desta região que também é favorecida pela deglutição. "Todo o esforço para sugar o leite ajuda a posicionar ainda a arcada dentária, a mastigação e consequentemente a deglutição também se tornam mais fáceis", completa a especialista.
A campanha Agosto Dourado promove a amamentação no Brasil. A campanha será realizada no mesmo mês em que é celebrada a Semana Mundial do Aleitamento Materno, de 1º a 7 de agosto, promovida pela OMS e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) em mais de 170 países.
O objetivo é conscientizar pais e familiares sobre seu papel no apoio à prática do aleitamento materno, criando um ambiente que permita a mãe manter a amamentação como fonte exclusiva de nutrição nos primeiros seis meses de vida e como fonte complementar até os dois anos de idade.
A gerente do Banco de Leite Humano (BLH) do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), Danielle Aparecida da Silva, fala sobre a importância das políticas públicas inclusivas no empoderamento para incentivar a amamentação. "Atualmente, o Brasil conta com políticas inclusivas na área de aleitamento humano, para além da licença-maternidade e a licença-paternidade. Desde 2008, o Programa Empresa Cidadã estende tal licença em até seis meses, período indicado pela OMS para o aleitamento materno exclusivo, mas, infelizmente, este projeto ainda não alcançou 100% das empresas em nosso país", comentou.
Rede de apoio
Integrante do Comitê de Aleitamento Materno do IFF/Fiocruz, Aricele Ferreira dos Santos destaca que toda mãe que está amamentando precisa contar com uma rede de apoio. "Antes, o foco era dar toda a informação para a mãe, mas hoje sabemos da importância de envolver as famílias; o pai precisa saber dos limites que a mulher pode ter, por exemplo, o quanto o estresse influencia nos hormônios e na produção e descida do leite. A rede de apoio da mãe deve ter ciência que essa mãe pode ser envolvida por uma série de sentimentos, como achar que não vai dar conta de alimentar seu filho somente com o seu leite", comentou.
Aricele Ferreira acrescentou que duas coisas são fundamentais para incentivar o aleitamento materno: informação e apoio. "Só a informação não é suficiente. A rede próxima à mãe deve apoiá-la e se colocar no lugar dela. Sempre é apresentado que amamentar é uma questão fisiológica, que a mulher vai colocar o bebê no peito e tudo vai transcorrer naturalmente, mas nem sempre assim. São vários fatores que contribuem para o sucesso da amamentação e o principal é que a mulher se sinta confiante, apoiada e capaz de amamentar", explicou.