Na última segunda-feira (31) celebrou-se o Dia do Nutricionista. Neste ano, a categoria enfrenta o desafio de conscientizar a população sobre os malefícios das receitas divulgadas na internet como boas para a imunidade contra o novo coronavírus.
Diversas poções "mágicas” são compartilhadas, diariamente, na internet e nos aplicativos de mensagem instantânea como se fossem capazes de aumentar a imunidade ou, ainda, curar o indivíduo da Covid-19. Contudo, é preciso haver cautela e discernimento para entender que não existe substância capaz de deixar alguém protegido do novo coronavírus.
A nutricionista e professora Ana Paula Goulart explica que nenhuma preparação ou combinação de infusões será capaz de curar a Covid-19 ou, até mesmo, aumentar nossa imunidade. "O que vai deixar o vírus se expressar mais ou menos tempo será o sistema imunológico da pessoa, e esse sistema fica fortalecido com várias práticas saudáveis ao longo do dia (consumo de pelo menos 4 porções de vegetais/hortaliças, 3 porções de frutas, boa ingestão de água, sono adequado durante a noite, manejo do estresse, dentre outros), ou seja, é um conjunto de fatores que favorecem um estilo de vida mais saudável e não uma poção milagrosa”, afirma a profissional.
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Receitas como uísque + mel; chá de limão + bicarbonato de sódio e infusão de alho + água quente são algumas das receitas compartilhadas na internet como se fossem boas para aumentar a imunidade. Porém, Ana Paula alerta que além de não trazer benefícios, essa prática de combinações pode colocar a saúde da pessoa em risco.
Até os aparentemente inofensivos chás podem prejudicar o organismo quando ingeridos sem moderação, podendo gerar pedra no rim, osteoporose, ansiedade, taquicardia e aumento da pressão arterial, por exemplo. "Cada planta confere um efeito no corpo e a bebida precisa seguir uma dosagem e um modo de ser preparada, além de levar em consideração a doença que a pessoa já tenha ou época de vida que esteja. Se a bebida vier com mistura de ervas pode gerar efeitos contrários ao esperado”, explica a nutricionista.
Também não adianta correr para as farmácias em busca de vitaminas sem conversar com um especialista. A suplementação é válida, porém demanda acompanhamento de um nutricionista, já que existem diversas formas de suplementos e somente o profissional da área poderá indicar qual é a necessidade do seu organismo com base em resultados de exames.
"Além dele avaliar o consumo alimentar da pessoa, ele (o nutricionista) vai direcionar o tipo de suplemento, a dosagem, o horário a ser consumido, prezando pela melhor absorção e evitando competição entre os nutrientes”, pontua Goulart.
A profissional destaca que não existe alimento isolado capaz de aumentar o sistema imunológico do ser humano. Entretanto, dentre as vitaminas mais específicas para esta finalidade, pode-se citar:
- Vitamina C, que previne contra infecções virais e respiratórias;
- Vitamina K, que acelera a cicatrização diminuindo o número de intervenções cirúrgicas e tempo hospitalar;
- Vitamina B9, que ajuda a formar as células de defesa.
Em relação aos minerais, a nutricionista enfatiza o zinco, o cobre, o ferro e o selênio, que atuam nas enzimas antioxidantes ajudando a manter a integridade das células.
Recebi Fake News: o que fazer?
Quem tem perfil ativo na internet e em aplicativos de mensagens, em algum momento vai receber uma receitinha milagrosa encaminhada por um amigo do amigo do primo do amigo. Ciente de que não existe receita capaz de curar a Covid-19, tampouco aumentar a imunidade de forma isolada, é preciso ter bom senso e não repassar a informação.
Caso necessite de ajuda para melhorar a imunidade do seu organismo, recomenda-se procurar um profissional de Nutrição que irá avaliar quais vitaminas o indivíduo necessita. Afinal, organismos diferentes sugerem necessidades distintas e o uso indiscriminado de vitaminas e suplementos pode trazer consequências ruins ao invés de ajudar.
Até o momento, o que previne o contágio por coronavírus é uso correto da máscara facial e higienização das mãos. Na dúvida sobre o assunto, o meio oficial que deve ser consultado é o site do Ministério da Saúde.